terça-feira, 7 de maio de 2024

Angola | Os Campeões de Matraquilhos -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O meu amigo Morais ou Jan Maré era campeão de matraquilhos desde São Paulo à Vila Clotilde. Inventou o “corridinho califórnia” que era indefensável. Passávamos horas jogando de borla no sistema quem perde paga. Eu à defesa e ele a marcar golos sonoros quando a bola entrava violentamente na baliza. Califórnia! Califórnia!

O meu amigo Manecas Balonas também era campeão de matraquilhos. E campeão no futebol. Jogou no Ferroviário do Huambo e na Académica de Coimbra (Briosa). Jogou com craques como França (General Ndcalu) Chipenda, Araújo ou o Piscas, estrela no Atlético de Luanda e meu vizinho na Vila Clotilde. O Manecas foi médico do Caminho-de-Ferro de Benguela. Dava consultas entre Cubal e Luau, de estação em estação. Durante meses, em 1975, foi o único médico anestesista no Hospital de São Paulo (Américo Boavida). Vivia lá. 

Ontem em Gaza várias crianças faziam um campeonato de matraquilhos entre as ruínas dos bombardeamentos. Gritos entusiasmados a cada golo ou grande defesa. De repente os nazis de Telavive, às ordens dos assassinos Biden. Blinken e Austin, mataram ou feriram todos os campeões. Uma operação deliberada para matar aquelas crianças. Terrorismo. Sempre que Blinken vai ao Médio Oriente é para encomendar estes crimes. Para ameaçar países da região caso não alinhem no genocídio de Gaza. 

Os jovens estudantes das universidades norte-americanas salvam a honra do convento. Mas não vão longe. Os genocidas de Telavive continuam a receber armas e munições, dinheiro a rodos, apoio político. As ordens de Washington e Bruxelas são claras: Matem os palestinos até à última Mamã. Até à última criança. Até ao último civil.

A comunicação social do ocidente alargado alinha alegremente no genocídio. Usurpadores da profissão de Jornalista servem de megafones dos genocidas. Todas e todos estão armados de carteiras profissionais. Todas e todos têm o apoio dos sindicatos e outras organizações de classe. É comum ouvir e ver nas rádios e televisões frases como esta: “O Ministério da Saúde de Gaza é controlado pelo HAMAS”. Fingem não saber que o HAMAS é um partido político e ganhou as eleições na Faixa de Gaza.

A posse de Putin começou a fase final do expurgo da influência ocidental maligna na Rússia

Scott Ritter | Sputnik | # Traduzido em português do Brasil

Vladimir Putin tomou posse como presidente da Rússia na terça-feira, sinalizando o início do que Scott Ritter, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e inspetor de armas da ONU que se tornou comentarista político, espera que se torne o estágio final da restauração completa da Rússia de sua autoidentificação e status como separado e igual ao Ocidente.

No seu discurso na cerimónia de tomada de posse , o Presidente Putin deu especial ênfase à sua responsabilidade como chefe de Estado “de proteger a Rússia e servir o nosso povo”, e expressou a disponibilidade da Rússia para o diálogo com o Ocidente, desde que este último abandone os seus esforços para restringir desenvolvimento da Rússia e exercer pressão sobre o país.

“O diálogo é possível, inclusive sobre questões de segurança e estabilidade estratégica. Mas não a partir de uma posição de força, sem arrogância, vaidade ou exclusividade pessoal, mas apenas em igualdade de condições, respeitando os interesses de cada um”, disse Putin.

Entretanto, disse o presidente, a Rússia continuará a trabalhar com os seus parceiros para a integração da Eurásia, “outros centros de desenvolvimento soberanos”, para acelerar a formação de “uma ordem mundial multipolar e um sistema de segurança igual e indivisível”.

Internamente, enfatizou Putin, os fundamentos do Estado russo incluem “a harmonia interétnica, a preservação das tradições de todos os povos que vivem na Rússia – uma civilização unificada pela língua russa e pela nossa cultura multicultural”.

A tarefa do Estado daqui para frente será “garantir uma continuidade confiável no desenvolvimento do país nas próximas décadas, criar e educar as gerações jovens que fortalecerão e desenvolverão o país”, disse ele.

Irão | Comandante do IRGC: A vida política de “Israel” está chegando ao fim

Islam Times - O Comandante-em-Chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica [IRGC], Hossein Salami, enfatizou que “A missão da Força Al-Quds do IRG é bloquear a penetração do inimigo em terras islâmicas”. Referiu-se ainda ao efeito destrutivo das potências hegemónicas na região.

Falando na cerimónia em memória dos mártires do ataque da entidade sionista ao consulado iraniano [IRGC], Salami afirmou que a “arrogância global, liderada pelos EUA, não vê limites no domínio do mundo islâmico”.

Potências arrogantes procuram o controlo total sobre o mundo islâmico, disse Salami, acrescentando: “A arrogância quer dominar o Irão, o Iraque, a Síria, o Líbano, o Iémen e outros países islâmicos e quer tirar-lhes o Islão e tomar a sua riqueza como refém”.

Os muçulmanos não tolerarão a “opressão” dos inimigos, disse ele, acrescentando que “o genocídio em curso em Gaza expõe a verdadeira face da civilização ocidental”. Salami observou que os EUA se retratam como apoiantes dos direitos humanos, mas na verdade procuram o domínio, acrescentou que “a vida política de 'Israel' está chegando ao fim”.

A abordagem dos EUA para se dissociar da China sai pela culatra

Global Times | # Traduzido em português do Brasil

Em 3 de maio, o Tesouro dos EUA anunciou condições flexíveis para incentivos fiscais quando os consumidores compram veículos elétricos (VE). Anteriormente, os VE que utilizassem minerais produzidos na China perderiam incentivos fiscais a partir de 2025. O novo ajustamento estende este prazo até 2027 para certos minerais como a grafite. 

De acordo com uma análise do Nikkei News, a decisão do governo dos EUA de flexibilizar estas condições decorre da dificuldade de produzir baterias EV sem usar grafite produzido na China. A grafite é um material essencial nos ânodos das baterias de lítio e, atualmente, a China é responsável por 70% do seu fornecimento mundial, com uma elevada dependência das capacidades chinesas de processamento e refinação.

À medida que os EUA se debatem com as complexidades da sua contenção e dissociação da indústria chinesa, sentem cada vez mais a “dor”. Nos últimos três anos, o governo dos EUA implementou controlos rigorosos às exportações para enfraquecer a capacidade de alta tecnologia da China. No entanto, esta abordagem começou a ter um impacto negativo nos próprios EUA, criando um efeito complexo de dois gumes.

Um relatório divulgado no mês passado pelo Banco da Reserva Federal de Nova Iorque (Risco Geopolítico e Dissociação: Evidências dos Controlos de Exportação dos EUA) analisou esta questão. De acordo com a investigação de Matteo Crosignani e outros, os controlos de exportação dos EUA levaram a uma dissociação generalizada entre fornecedores americanos e empresas chinesas. Os fornecedores americanos afetados são mais propensos a encerrar relações existentes com clientes chineses e menos propensos a formar novos.

Declaração conjunta China-França reuniu vozes da justiça: editorial do Global Times

Global Times | # Traduzido em português do Brasil

O presidente chinês, Xi Jinping, trocou opiniões aprofundadas com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a situação no Médio Oriente durante a sua visita de Estado a França, e os dois lados chegaram a uma declaração conjunta sobre a situação no Médio Oriente. A declaração é de grande importância prática e de significado estratégico de longo alcance para pôr fim ao actual conflito Palestina-Israel e planear o futuro processo de paz Palestina-Israel, uma vez que é oportuna, abrangente no conteúdo e clara na direcção.

A declaração conjunta é um resultado importante do encontro entre os líderes dos dois países. A China e a França, como países importantes com influência internacional significativa, têm a obrigação de desempenhar um papel activo na promoção do processo de paz entre Israel e a Palestina. A China e a França têm um amplo consenso sobre a questão do Médio Oriente. O conteúdo da declaração conjunta abrange as posições comuns de ambas as partes sobre a actual ronda do conflito Palestina-Israel, a questão palestiniana, a questão nuclear iraniana, a crise do Mar Vermelho e outras questões urgentes no Médio Oriente, bem como as suas expectativas comuns para a estabilidade a longo prazo na região. Isto reflecte a sabedoria e a coragem dos líderes da China e da França, e também encarna a voz justa da comunidade internacional.

Desde a eclosão da actual ronda de conflito Palestina-Israel, os apelos da comunidade internacional a um cessar-fogo e à cessação das hostilidades têm sido incessantes. O conflito entre Israel e o Hamas ainda está em curso, mas com os esforços de mediação da comunidade internacional e dos países regionais, a distância para alcançar uma nova ronda de acordos de cessar-fogo temporários entre Israel e o Hamas está a diminuir. Como membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a China e a França são esperadas pela comunidade internacional como forças amantes da paz; os dois países defenderam a voz da paz e da justiça em múltiplas ocasiões internacionais e multilaterais, representando a expectativa universal da comunidade internacional pela paz entre a Palestina e Israel. A declaração conjunta China-França não só reflecte o consenso dos dois países sobre a questão de Israel e da Palestina, mas também representa uma posição clara sobre a paz e a justiça mundiais.

A declaração conjunta também abrange outras questões importantes relacionadas com a paz no Médio Oriente. A declaração afirma que a China e a França estão a trabalhar em conjunto para encontrar soluções construtivas, baseadas no direito internacional, para os desafios e ameaças à segurança e estabilidade internacionais. Enfatiza também a condenação de todas as violações do direito humanitário internacional, sublinha a urgência de um cessar-fogo imediato e sustentável, particularmente a importância de implementar eficazmente as resoluções relevantes das Nações Unidas e de reforçar a coordenação dos esforços humanitários internacionais.

No que diz respeito à questão Palestina-Israel, os dois chefes de Estado apelaram ao relançamento decisivo e irreversível de um processo político para implementar concretamente a “solução de dois Estados”. Condenaram a política de construção de colonatos de Israel, que viola o direito internacional, e apelaram à abertura efectiva de todos os corredores e pontos de passagem necessários para permitir a entrega rápida, segura, sustentável e sem entraves de ajuda humanitária em toda a Faixa de Gaza.

Sobre a questão nuclear iraniana e a crise no Mar Vermelho, tanto a China como a França reafirmam o seu compromisso de promover uma solução política e diplomática e sublinham a importância de salvaguardar a liberdade de navegação no Mar Vermelho e no Golfo de Aden.

Esta declaração conjunta simboliza a expectativa generalizada da comunidade internacional contra a política hegemónica. No mundo de hoje, o hegemonismo e o unilateralismo são desenfreados, colocando numerosos desafios à ordem e à estabilidade globais. A declaração conjunta dos líderes da China e da França sobre a questão do Médio Oriente, especialmente a questão Palestina-Israel, demonstra os valores do multilateralismo e da cooperação internacional. Indica que a China e a França opõem-se às forças externas que exacerbam os conflitos e prolongam as disputas, favorecendo um lado, mas defendem a resolução de disputas através de diálogo e negociação iguais.

O consenso entre a China e a França contra a política hegemónica injetará nova confiança na manutenção da paz e da estabilidade mundiais e impulsionará a comunidade internacional em direção a um futuro mais justo e pacífico.

A questão do Médio Oriente é complexa e complicada, exigindo que a comunidade internacional forme um consenso, reúna esforços e alivie as actuais tensões regionais. A declaração conjunta emitida pelos Chefes de Estado da China e da França sobre a situação no Médio Oriente tem uma importância significativa. Não só significa as conquistas práticas das conversações entre os dois líderes, mas também consolida e expressa o consenso da comunidade internacional sobre a paz no Médio Oriente. A declaração conjunta China-França dará importantes contributos para a promoção do processo de paz Palestina-Israel e para a manutenção da paz e da estabilidade mundiais, injectando um poderoso impulso e confiança na construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade.

Foto:VCG

segunda-feira, 6 de maio de 2024

A besta da ideologia levanta a tampa da transformação

A repressão policial aos protestos estudantis expõe a pura intolerância para com aqueles que expressam condenação contra a violência em Gaza.

Alastair Crooke* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

A Transformação está se acelerando. A dura e muitas vezes violenta repressão policial aos protestos estudantis nos EUA e na Europa, na sequência dos contínuos massacres palestinianos, expõe a pura intolerância para com aqueles que expressam a condenação da violência em Gaza.

A categoria de “discurso de ódio” transformada em lei tornou-se tão omnipresente e fluida que as críticas à conduta do comportamento de Israel em Gaza e na Cisjordânia são agora tratadas como uma categoria de extremismo e como uma ameaça ao Estado. Confrontadas com críticas a Israel, as elites governantes respondem atacando furiosamente.

Existe (ainda) uma fronteira entre a crítica e o anti-semitismo? No Ocidente, os dois estão cada vez mais unidos.

O actual abafamento de qualquer crítica à conduta de Israel – em flagrante contradição com qualquer reivindicação ocidental de uma ordem baseada em valores – reflecte desespero e uma pitada de pânico. Aqueles que ainda ocupam os lugares de liderança do Poder Institucional nos EUA e na Europa são compelidos pela lógica dessas estruturas a seguir cursos de acção que estão a conduzir ao colapso do “sistema”, tanto a nível interno – como concomitantemente – provocando a dramática intensificação das tensões internacionais, também.

Os erros decorrem da rigidez ideológica subjacente em que os estratos dominantes estão presos: a aceitação de um Israel bíblico transformado que há muito tempo se separou do zeitgeist actual do Partido Democrata dos EUA; a incapacidade de aceitar a realidade na Ucrânia; e a noção de que a coerção política dos EUA por si só pode reavivar paradigmas em Israel e no Médio Oriente que já desapareceram.

Ocidente precisa de guerra por causa das suas dívidas insustentáveis

MARTIN ARMSTRONG: 'OS GOVERNOS OCIDENTAIS PRECISAM DE GUERRA PORQUE AS SUAS DÍVIDAS JÁ NÃO SÃO SUSTENTÁVEIS'

Entrevista com Martin Armstrong por Piero Messina para South Front

Martin Armstrong é um dos economistas mais influentes dos nossos tempos. Alguém o chamou de “Previsor”, porque esse foi o título do filme biográfico que ajudou a divulgar suas atividades em todo o mundo.

As de Martin Armstrong não são apenas “previsões”, pois as suas reflexões baseiam-se no compêndio de fórmulas matemáticas precisas e capacidades analíticas. Nós o entrevistamos para tentar entender o contexto geopolítico atual. Da crise das democracias ocidentais ao nascimento da frente BRICS, para chegar a reflexões profundas sobre o risco de um conflito militar à escala global, Armstrong interpreta dados em tempo real graças à sua “visão” diacrónica e a um esforço de décadas de pesquisa e análise. O trabalho de Armstrong permite-nos ligar o conhecimento do passado a factores críticos do presente. Por todas estas razões, as análises de Armstrong são preciosas para compreender o presente e orientar-nos para um futuro que parece cheio de incógnitas e armadilhas.

Fukuyama defendeu o fim da história. Huntington falou de um choque de civilizações. É possível imaginar uma terceira via?

A nossa maior ameaça é o controlo centralizado; foi isso que condenou o comunismo. Concordo com Huntington que o choque de civilizações se baseará nas culturas e na religião, principalmente devido à tentativa centralizada de impor uma cultura unificada.

No final da década de 1980, o modelo geopolítico de referência era o mundo unipolar, baseado na primazia ocidental. Em que pilares culturais, militares e económicos se baseia o Consenso de Washington? É a verdadeira liberdade?

Os militares nos pilares económicos que hoje dominam Washington não têm nada a ver com liberdade. Têm a ver com pessoas que não estavam dispostas a aceitar o colapso do comunismo. Pelo qual o inimigo foi transformado pelo comunismo em racismo étnico.

Cumprindo uma 'promessa verdadeira': um relato interno dos ataques do Irão a Israel

O deputado iraniano Mahmoud Nabavian revela a estratégia calculada, a intriga diplomática e a ousada proeza militar que evidenciaram os ataques com mísseis de Teerão em 13 de Abril contra Israel.

The Cradle | Entrevista | # Traduzido em português do Brasil

Após o sucesso estratégico da operação retaliatória de drones e mísseis do Irão " True Promise " em resposta ao bombardeamento israelita do mês passado ao  consulado iraniano  em Damasco,  The Cradle  apresenta uma narrativa privilegiada exclusiva fornecida pelo membro iraniano do Parlamento Mahmoud Nabavian, um principista que venceu o a maioria dos votos em Teerã durante as eleições de março no país. 

O seu relato dos ataques retaliatórios contra o Estado de ocupação oferece uma visão sem paralelo dos acontecimentos de 13 a 14 de Abril. Com acesso a fontes militares, o testemunho de Nabavian serve como a visão mais detalhada até à data feita por um funcionário do governo iraniano sobre a resposta do Irão, que expôs gravemente  as  vulnerabilidades dos sistemas de defesa aérea de Israel. 

Numa publicação fechada no Telegram, Nabavian explicou que o ataque “cobarde” de Israel, que levou ao martírio de líderes proeminentes do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão (IRGC), ocorreu “no nosso solo” – uma referência à missão diplomática iraniana em Damasco: 

“Como disse o Imam [Ali Khamenei], os inimigos cometeram um erro.” Os ataques de retaliação total do Irão, afirma ele, foram justificados e legais nos termos do  artigo 51.º da Carta das Nações Unidas .

Abaixo está uma transcrição (editada em extensão) das importantes revelações de Nabavian sobre os ataques militares do Irã contra Israel e a enxurrada de tentativas de acordos internacionais que os precederam:

Duas horas depois do ataque ao consulado em Damasco, o Conselho de Segurança Nacional iraniano reuniu-se e afirmou a inevitabilidade de uma resposta e deu um prazo de 10 dias para tomar as medidas diplomáticas necessárias e para as forças armadas prepararem o seu plano de resposta.

Diplomaticamente, o primeiro passo foi ir ao Conselho de Segurança, embora soubéssemos que isso seria inútil. Mas foi necessário apresentar uma queixa sobre o ataque às nossas terras, fazer valer o nosso direito natural à autodefesa e solicitar uma sessão do Conselho de Segurança. Como não somos membros do Conselho, tivemos de falar com os Estados-membros para solicitar a realização da sessão.

China, Rússia e Argélia concordaram. A Rússia apresentou o pedido e a sessão foi realizada, mas os EUA, a Alemanha, a Grã-Bretanha e a França não permitiram que fosse emitida uma declaração condenando Israel. Os chefes das nossas missões no estrangeiro também foram activos em informar os países em causa que iríamos responder à entidade sionista.

Al Jazeera condena decisão do governo israelense de fechar escritórios locais

O gabinete israelense vota por unanimidade pelo encerramento das operações da rede em Israel com efeito imediato.

A Al Jazeera Media Network condenou a decisão do governo israelita de encerrar as suas operações em Israel como um “ato criminoso” e alertou que a supressão da imprensa livre pelo país “constitui uma violação do direito internacional e humanitário”.

“A Al Jazeera Media Network condena e denuncia veementemente este ato criminoso que viola os direitos humanos e o direito básico de acesso à informação. A Al Jazeera afirma o seu direito de continuar a fornecer notícias e informações ao seu público global”, afirmou a rede num comunicado no domingo.

“A supressão contínua da imprensa livre por parte de Israel, vista como um esforço para ocultar as suas ações na Faixa de Gaza, constitui uma violação do direito internacional e humanitário. Os ataques directos e o assassinato de jornalistas por parte de Israel, as detenções, a intimidação e as ameaças não impedirão a Al Jazeera de se comprometer a fazer cobertura, ao passo que mais de 140 jornalistas palestinianos foram mortos desde o início da guerra em Gaza.

“A Rede rejeita veementemente as alegações apresentadas pelas autoridades israelitas, sugerindo que os padrões profissionais dos meios de comunicação social foram violados. Reafirma o seu compromisso inabalável com os valores consagrados no seu Código de Ética”, afirmou.

A declaração foi feita depois que o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, votou por unanimidade pelo encerramento das operações da Al Jazeera em Israel, semanas depois de o parlamento israelense ter aprovado uma lei que permite o fechamento temporário de emissoras estrangeiras consideradas uma ameaça à segurança nacional durante a guerra de meses em Gaza.

BLOG DE GAZA: Israel inicia invasão de Rafah

 

Leste de Rafah recebe ordem de evacuação | Pontuações mortas em novos massacres – dia 213

Pela equipe do Palestine Chronicle | # Traduzido em português do Brasil

O ministro israelense de extrema direita, Bezalel Smotrich, disse que o exército israelense deve entrar em Rafah hoje. 

Os seus comentários coincidiram com uma conversa entre o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, onde este último foi informado da evacuação iminente. 

Entretanto, dezenas de palestinianos teriam sido mortos em novos ataques israelitas em Rafah e noutras regiões de Gaza.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 34.683 palestinos foram mortos e 78.018 feridos no genocídio em curso de Israel em Gaza, iniciado em 7 de outubro.

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ULTIMAS ATUALIZAÇÕES

Segunda-feira, 6 de maio, 14h (GMT+2)

URSULA VON DER LEYEN: A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou a um cessar-fogo em Gaza e à libertação dos detidos israelitas.

ESCRITÓRIO DE MÍDIA DO GOVERNO DE GAZA: A intenção de invadir Rafah indica que a ocupação iniciou as negociações de forma enganosa.

AL-JAZEERA: O número de palestinos mortos nos ataques israelenses a 11 casas em várias áreas a leste de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, desde a noite de domingo aumentou para 28.

MÍDIA PALESTINA: Aviões israelenses estão realizando ataques pesados ​​em áreas a leste de Rafah, que a ocupação ordenou evacuar esta manhã.

A POSSÍVEL PRIMAVERA CONTRA A BARBÁRIE

Lutas pela Palestina alastram-se nos EUA e no mundo. Querem interromper o genocídio em Gaza, mas vão além. Repudiam um sistema que naturaliza a força bruta e a guerra de todos contra todos – para bloquear as próprias chances de haver humanidade

Sarah Babiker, no El Salto | Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil | Tradução: Antonio Martins | Imagem: Nina Berman

Angela Davis fala para a câmera e sorri: “Acredito que os estudantes sempre abriram o caminho”, comenta sobre os acampamentos em solidariedade a Gaza que surgiram na Universidade de Columbia e em muitos outros campi nos Estados Unidos. A histórica ativista celebra o uso do conhecimento adquirido em todas essas universidades de elite para ajudar a construir um mundo melhor, e diz que “finalmente a luta pela liberdade do povo palestino está sendo abraçada em todo o mundo”. Ela deixa outra mensagem: o que acontecer agora na Palestina determinará o futuro de todos.

As redes sociais fervilham há duas semanas com imagens de manifestações, acampamentos, gente em assembleia debatendo, ouvindo discursos, dançando dakbe [dança tradicional palestina]. Ao mesmo tempo, policiais reprimindo brutalmente estudantes e professores, ou sionistas tentando demonstrar que não se sentem seguros nas manifestações em favor da Palestina. Tudo isso acontece nos gramados de várias universidades norte-americanas, sendo Columbia onde tudo começou. Muitas dessas cenas lembram outras vividas há mais de uma década, no Occupy Wall Street, na Primavera Árabe ou no 15M. Mas o objetivo deste ciclo de mobilizações entre barracas e faixas é bem concreto: a solidariedade com o povo palestino e a luta contra o genocídio.

Enquanto isso, em Berlim, um acampamento resistiu por duas semanas em frente ao Reichstag [Parlamento], até ser desocupado na última sexta-feira. Tudo isso ocorre num contexto em que se proíbe um congresso sobre a Palestina, impede-se que líderes europeus como o ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, entrem no país e até mesmo se comuniquem por videoconferência com pessoas dentro do território alemão, ou se proíbe o uso de línguas que não sejam o alemão ou o inglês nas mobilizações.

Nos Estados Unidos na Alemanha, no Reino Unido — onde as manifestações são massivas – e na França (onde estudantes da SciencePo de Paris organizavam um acampamento na última quarta-feira rapidamente desocupado pela polícia), os protestos crescem em um clima hostil para a crítica ao colonialismo israelense. Nas universidades da elite americana, kufiyas e bandeiras palestinas tomam a paisagem enquanto pessoas de todas as origens conversam, participam de eventos e discussões, fazem cursos de árabe, aprendem a dançar dakbe e, sobretudo, denunciam o genocídio. Ilustres judeus antissionistas como Miko Peled, o candidato à presidência dos EUA Cornel West, ou políticos democratas como Ilhan Omar ou a atriz e ativista Susan Sarandon, visitam os acampamentos e se juntam às manifestações. Sobreviventes do holocausto testemunham o que aconteceu e se recusam a permitir que essa memória seja usada para justificar outro genocídio.

Angola | A Parábola dos Sete Paus -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O soba grande estava muto doente e pediu socorro ao mais famoso kimbanda da região, que depois de uma análise profunda e ler os sinais do fogo, deu o seu infalível veredicto: Não há milongo para a morte nem para a estupidez humana. Aguenta com coragem os últimos dias de doença. Vais morrer. O chefe dos chefes chamou os seus sete filhos e recomendou que cada um trouxesse o muinku de bater o funje. Depois corrigiu a encomenda. Não um mas dois paus. Os rapazes obedeceram.

Estou a morrer, meus filhos! Quero continuar a viver em vós mas para isso preciso de vos dar a última lição. Cada um pega no seu muinku e vai parti-lo.  

Os rapazes partiram os paus com facilidade. Uma limpeza.  

O soba grande pediu aos filhos para juntarem os outros paus e fazerem um feixe, amarrado com uma muxinga. Os rapazes obedeceram e aguardaram novas ordens do chefe dos chefes.

Agora cada um vai partir esse feixe de paus. Um dos filhos tinha força de leão e estatura de elefante. Foi o primeiro a obedecer. Chamou todas as suas forças e tentou partir os sete paus amarradinhos. Desconseguiu. Um por um, os filhos do soba grande falharam a missão. O feixe de sete paus era inquebrável.

O soba grande falou: Se cada um viver por si, não vale nada. Não conseguirei triunfar nele para além da morte porque vai ser derrotado em todos os combates. Mas se os meus sete filhos se unirem como esses paus amarrados em feixe, ninguém vos partirá. Não há força no mundo que vos derrube. 

Poucos dias depois o soba grande morreu, como tinha futurado o kimbanda. Os filhos continuaram unidos e venceram todas as dificuldades desta vida e das outras todas que ninguém conhece porque são segredos dos deuses, esses tiranos manhosos. Um deles até pôs o primeiro homem a comer maçãs e a dar confiança às serpentes.

Portugal | MARCELO TRAIDOR PORQUÊ? POR DIZER O ÓBVIO?

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, disse há poucos dias atrás que Portugal devia ressarcir e pedir desculpa aos povos e países que durante alguns séculos colonizamos e roubámos - não disse exatamente por estas palavras mas sim em modo diplomático. À laia de damas ofendidas vimos os partidos portugueses a contestar a ideia porque "não era o tempo para isso", "os de agora é que têm de ressarcir o que em outras gerações anteriores fizeram de errado?" Que não... As razões para que não procedam com justiça e reconheçam as desumanidades, crimes e roubos praticadas contra povos e países que antepassados lusos cometeram são inúmeras... Mas com bases esfarrapadas características de racistas e maus pagadores. Pior, ainda há mais.

O líder do nazi-fascismo-racista protagonizado pelo Chega sai à baila acusando Marcelo de traidor à Pátria por ter dito o óbvio que há tanto tempo sabemos ser a resolução certa e que vergonhozamente devemos aos ex-colonizados, países e respectivos povos. 

Não só o Chega nazi-fascista da tempera de Salazar ou de Hitler assume que não devemos ressarcir justamente os lesados, escravizados e roubados por portugueses que ocuparam aqueles países e povos africanos, brasileiros e asiáticos. Também outros partidos da direita, como a AD (PSD,CDS, PPM) e a Iniciativa Liberal não querem reconhecer as desumanidades e os crimes praticados antanho. E tudo o que tiver custos em dinheiro nem pensar... São os criminosos iguais aos de antigamente. São os filhos, netos e treta-netos dos colonialistas transbordados de desumanidades e sérios laivos de ladrões que diziam e cantavam, por exemplo, "Angola é Nossa". Toda essa seita criminosa e arrogante que beneficiou da ocupação e maus-tratos dos povos dessas colónias. Daí roubaram, por exemplo, a dignidade dos povos, o ouro, prata, os diamantes, o sândalo, a teca, o mogno, a macacaúba, o pau-santo, as opalas, as pérolas, toneladas de minerais, o chá, o café, o petróleo, as roças (terrenos), o suor dos corpos escravizados... Os cadáveres de homens, mulheres e crianças (algumas ainda fetos retiradas à faca dos ventres das mães)... E mais, e mais, e mais. Chacinas, roubos, maus-tratos, exploração e esclavagismo em vigor durante séculos... A verdade foi e é essa, senhores colonial-fascistas, cobardolas e oportunistas.

Também o Partido dito Socialista deixa perceber que agora não é tempo para Marcelo vir com essas "conversas"... Exatamente agora, que sabemos há décadas que é mais que tempo para se assumirem os graves erros praticados pelo colonialismo e pelos colonialistas portugueses em vários continentes do globo terrestre. Algo muito reprovável que foi cometido por portugueses e que deve ser reparado. Os povos e países colonizados merecem tal reconhecimento desses crimes do passado. 

Marcelo Rebelo de Sousa trouxe visibilidade à questão. Ainda bem. Acto de homem digno. Acusá-lo de traição é retórica de falsos-ignorantes que dizem que não viram com os seus próprios olhos a pática dos crimes constantes ou que nem sequer querem pensar nisso. Cobardemente, criminosamente.

Marcelo só disse o óbvio. Em vez do sururu que muitos estão a fazer para fugir às suas responsabilidades pelos crimes então cometidos e constantes nos cardápios da história e da memória, importa apurar o tema, discuti-lo e reparar o errado, o mal praticado pelos nossos antepassados e muitos outros que ainda hoje estão vivos apesar de avançada idade. Esses, os seus filhos e netos que por aí andam, possuidores de fortunas e de grandes empresas que são fruto dos crimes que foram cometidos por seus pais e avós. Não é difícil saber quem são esses herdeiros de criminosos e ladrões de fortunas alheias. A comunicação social tem trabalho importante a fazer e a torná-lo público. Divulgue-se quem foi quem e, atualmente, quem é quem. 

Marcelo, presidente da República, disse apenas o óbvio. A traição é a dos que não querem reconhecer os crimes e desumanidades praticados. Cobardia, além de traição à humanidade vitimada pelo império colonial-fascista-racista português vilmente ocupado pelos quatro cantos do mundo.

Ganhe-se coragem. Abandonem-se argumentos fúteis e inexatos. Reconheça-se o óbvio. Sejamos honestos.

Mário Motta | Redação PG

Portugal | SIM, O RACISMO EXISTE MESMO

Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

Imagine que está tranquilo na cama durante a madrugada, quando lhe entra em casa um grupo de encapuzados que começa a agredi-lo e a partir objetos e mobílias. O cenário não é de filme, nem de um bairro agitado numa capital com índices de criminalidade elevados algures no Mundo. Aconteceu no centro do Porto, com o grupo de agressores a visar cidadãos estrangeiros (sobretudo magrebinos) a quem aconselhou a voltarem ao seu país. A Polícia regista diversos ataques do género e fala num grupo organizado. 

Haverá quem alegue que a zona do Campo 24 de Agosto tem sido varrida por assaltos e as próprias autoridades apontam a insegurança como eventual rastilho para reações mais violentas. O JN esteve precisamente há uma semana no local a fazer reportagem sobre o tema. Ainda que a narrativa que promove a ligação entre imigração e criminalidade seja conhecida, em momento nenhum pode ser usada para justificar comportamentos criminosos e xenófobos. E muito menos para ignorar as evidências de um discurso de ódio contra estrangeiros que exige respostas firmes.

Temos problemas de acolhimento e integração de imigrantes e importa discuti-los. A começar, claro, pela trapalhada na reforma do SEF e na criação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo. Têm sido insistentes os alertas sobre a falta de resposta dos serviços públicos aos fluxos migratórios, tal como é da responsabilidade da Assembleia da República a ativação da Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial, parada há meio ano. Há muito trabalho a fazer e as consequências refletem-se no trabalho, nas escolas e nas ruas.

O que não pode é usar-se a nossa ineficácia a tantos níveis na integração para criar discursos de ódio e para tentar esconder debaixo do tapete os comportamentos racistas que persistem. Não pode haver uso deturpado e descontextualizado de dados sobre criminalidade para instigar a violência. Não pode haver aproveitamento político do medo, como tem acontecido. E não podemos fingir que os extremismos não são uma ameaça. Ou queremos que acontecimentos surpreendentes como os da madrugada de sexta-feira se tornem normais?

* Diretora JN

Portugal | SPORTING CAMPEÃO

Aperfeiçoar com ciência nórdica conduz Sporting ao 20.º título

Derrota do Benfica em Famalicão permitiu festa a duas jornadas do fim. Rúben Amorim não abdicou das suas ideias e os leões, arrastados sobretudo pela força de Gyökeres, sagraram-se justamente campeões.

E pela segunda vez “correu bem”. Desta feita com estádios cheios, Rúben Amorim conduziu o Sporting ao 20.º título nacional da sua história, e ainda está na luta por uma dobradinha que não é vista no clube leonino desde 2002 (dia 26 joga a final com o FC Porto). Amorim sagrou-se assim duas vezes campeão pelo Sporting, um feito que nenhum outro treinador conseguiu em Alvalade nos últimos 72 anos - o último foi Randolph Galloway, na década de 1950. E ainda pode bater o recorde de pontos do clube - tem 84 e a melhor marca são os 86 de Jorge Jesus em 2015-16, quando ainda faltam duas jornadas para o final da I Liga e seis pontos em jogo.

Inspirados pela chegada de um avançado invulgar no futebol português, os leões arrancaram a Liga de forma sofrida, com vários triunfos pela margem mínima, mas rapidamente se mostraram o conjunto mais consistente, uma equipa onde o todo se mostrou superior à soma das partes e assim acabou por superar um Benfica, onde se verificou o processo inverso (e os últimos dérbis confirmaram essa ideia) mas que mesmo assim resistiu até muito perto do fim.

Para o sétimo título de campeão nacional em 50 anos, alcançado ontem graças à derrota do Benfica em  Famalicão, foram vários os fatores que se uniram para uma conquista extraordinária. Começando na direção presidida por Frederico Varandas, que soube renovar a confiança em Amorim depois de uma temporada passada que correu mal (quarto lugar na Liga, eliminação na Taça frente a um adversário do terceiro escalão, derrota na final da Taça da Liga) mas onde a  coerência se manteve, tanto no comportamento como na ideia de jogo; continuando no trabalho do diretor desportivo Hugo Viana, que conseguiu negociar e convencer os reforços que chegaram a Alcochete -”consegue vender bem o nosso projeto”, diria Amorim -, essenciais para compensar partidas e lacunas do plantel; e passando pelo scouting, que indicou esses nomes essenciais para o triunfo final. 

Claro que, para a história, ficará sobretudo o excelente trabalho de Rúben Amorim, que se tornou assim no quarto técnico a conquistar mais de um campeonato nacional pelos leões, depois do húngaro József Szabó (1941 e 1944), de Cândido de Oliveira (entre 1947 e 1949) e do inglês Randolph Galloway (tri, entre 1950 e 1953) e no mais jovem treinador português a sagrar-se bicampeão, aos 39 anos. Isto apesar do “erro” da viagem a Londres antes da ida ao Dragão - mesmo com a consciência de que os sete pontos de vantagem na altura tinham deixado tudo encaminhado para o triunfo final.

domingo, 5 de maio de 2024

Governo, partidos e SOS Racismo já condenaram ataques contra imigrantes no Porto

PORTUGAL

Grupo invadiu casa no Porto onde vive uma dezena de migrantes para os agredir e outros dois ataques ocorreram na última noite, segundo o “JN”. SOS Racismo refere um grupo organizado com “ataques planeados e devidamente organizados”. Além do Governo, vários partidos já condenaram os ataques

Um grupo de seis homens invadiu uma casa no Porto onde vivem cerca de dez migrantes, sobretudo de origem argelina, e agrediu-os, além de ter destruído o interior da habitação. A notícia foi avançada este sábado pelo “Jornal de Notícias”, que refere ainda outros dois ataques racistas a imigrantes ocorridos na sexta-feira. Segundo o jornal, uma das vítimas saltou pela janela do primeiro andar para fugir das agressões, tendo sido internada num hospital do Porto.

Segundo o SOS Racismo, trata-se de um grupo organizado que perpetrou ataques racistas contra imigrantes residentes na cidade.

“Nos últimos dias, um grupo organizado de pessoas constituiu uma milícia para invadir casas e atacar imigrantes na cidade do Porto. Com recurso a bastões, paus e facas, este grupo espancou vários imigrantes, dentro das suas casas. Os ataques foram planeados e devidamente organizados, para espalhar o terror e atacar o maior número de imigrantes. As habitações foram destruídas e várias pessoas tiveram de receber tratamento hospitalar”, lê-se na nota de imprensa, citada pela agência Lusa.

Algumas horas depois, registou-se outro ataque na zona da Batalha, com um cidadão marroquino a ser agredido por um grupo armado com bastões, descreve o “JN”.

O primeiro-ministro escreveu uma mensagem este sábado na rede social X condenando os ataques. “Condeno veementemente, em meu nome pessoal e do Governo português, os ataques racistas desta noite no Porto. Exprimo a nossa solidariedade com as vítimas e reafirmo tolerância zero ao ódio e violência xenófoba. E elogio o trabalho das nossas forças de segurança.”

Portugal | O JUSTICIALISMO NA ENCRUZILHADA

Jorge Lacão* | Diário de Notícias | opinião

Em termos práticos, o justicialismo traduz-se na pretensão de fazer do sistema de justiça um corpo unicitário no interior do qual, ainda que com diversas incumbências funcionais, todos concorrem para impor, sob impulso do inquisitório, uma cultura padronizada de valores.

Essa pretensão pode enunciar-se assim: o eixo do sistema judiciário centra-se no aparelho de investigação criminal, os seus agentes togados devem ser vistos como detentores de um estatuto de autoridade paralelo ao dos juízes - independentes, como eles -, dispor de capacidade de tutela direta sobre os organismos policiais, ser isentos de prestação de contas fora do respetivo corpo e, no essencial, insindicáveis por qualquer outra entidade, dispondo, em última instância, de uma espécie de superintendência sobre o conjunto do sistema.

E, para que tal modelo seja perfeito, cereja em cima do bolo, muitos defendem ainda a prevalência de um Conselho Superior de Justiça integrando ambas as magistraturas.

Porém, importa lembrar que, no sistema de justiça, a soberania reside no tribunal e que o titular deste é o juiz, o qual aplica o direito sem outro critério que não seja o estatuído na Constituição e na lei. É o juiz que, pela sentença, define a justiça e de modo algum o magistrado do Ministério Público pela acusação.

No que ao Ministério Público diz respeito, o reclamado paralelismo com a magistratura judicial começa e acaba nas equivalências da condição profissional que não podem afetar a especificidade das suas diferentes naturezas.

O problema é que essa claridade não se mostra capaz de iluminar suficientemente um entendimento diverso, historicamente protagonizado pela corrente sindical do MP e perigosamente à beira de ser acolhido em vários momentos pelos próprios decisores políticos.

Na fase de aprovação do atual Estatuto do MP (Lei n.º 68/2019), a Proposta de Lei 147/XIII apresentava (Art.º 97.º) uma versão que dizia tudo sobre os riscos da má influência: “Os magistrados do MP são responsáveis e hierarquicamente subordinados, sem prejuízo da sua autonomia, nos termos do presente Estatuto”.

OS TRAPALHÕES DO GOVERNO AD APODERAM-SE DE PORTUGAL

Governo AD (PSD,CDS,PPM) foram eleitos por muito poucochinho para serem governo em Portugal. Um governo minoritário. A cerca de um mês de tomarem posse e de começarem a governar/desgovernarem o país já são às dezenas as evidências de trapalhadas de que são autores. São umas vedetas do descalabro trapalhão e da impreparação para governarem. Chegam a ser ridículos e evidenciam as suas falsidades nas promessas durante a campanha eleitoral que lhes permitiu atingirem o objetivo de se apoderarem do poder político. Os eleitores portugueses assistem à espalhafatosa queda das esperanças com base nas falsas promessas. As desilusões continuarão até que sejam escorraçados merecidamente pelas urgentes novas eleições legislativas. Por tudo isso trazemos à nossa imagem escolhida de hoje as suas caras de descaramento numa das primeiras fotos do elenco governativo. Haja paciência para aqueles trapalhões, a Democracia obriga. Obriga?

Redação PG

Foto de Diogo Ventura, no Observador

A "LIBERDADE E A DEMOCRACIA" UE DO PANTOMINEIRO FRANCÊS EMMANUEL MACRON*

França impede entrada de cirurgião que ia discursar em conferência sobre atrocidades em Gaza

Ghassan Abu Sitta acusa país de tentar silenciar testemunhas

Ghassan Abu Sitta, um cirurgião de nacionalidade britânica e palestiniana, foi impedido de entrar em França, este sábado, pela polícia da fronteira daquele país. O médico esteve na Faixa de Gaza durante um mês e meio, onde testemunhou diversas atrocidades cometidas pelo exército israelita, e ia discursar esta tarde numa conferência organizada no Senado francês, avança o jornal Le Monde. 

Segundo o mesmo meio, a polícia francesa explicou que não permitiu a entrada de Ghassan Abu Sitta porque o médico tinha sido proibido pelas autoridades alemãs de entrar em qualquer país do espaço Schengen durante um ano. 

"A polícia tomou a sua decisão, não há mais nada que eu possa fazer. É como em Berlim, a criminalização das vítimas. O grupo que está por detrás do genocídio tenta silenciar as testemunhas", disse o cirurgião. 

A organizadora da conferência, a senadora da Europa Ecologista-Les Verts, Raymonde Poncet Monge, manifestou a sua "total desaprovação política". A senadora lembra que o grupo ecologista contactou o gabinete do ministro do Interior, Gérald Darmanin, para resolver a situação em Roissy-Charles-de-Gaulle, mas em vão.

"Como é que a Alemanha pode decretar proibições territoriais em todo o espaço Schengen? É inacreditável! Esta é uma nova etapa na repressão de tudo o que tem a ver com a Palestina", afirmou Raymonde Poncet Monge.

Correio da Manhã

* Título PG

Impressionantes triunfos trabalhistas: Londres e West Midlands põem Sunak cambaleando

Keir Starmer diz que o primeiro-ministro não tem outra opção a não ser convocar eleições gerais

Toby Helm Michael Savage Jessica Murray | The Guardian | # Traduzido em português do Brasil

Rishi Sunak sofreu uma série de golpes devastadores na noite passada, quando o Partido Trabalhista venceu uma batalha acirrada para tomar a prefeitura de West Midlands dos conservadores e Sadiq Khan derrotou seu rival conservador em Londres para garantir um terceiro mandato.

Os resultados, juntamente com vitórias decisivas para Andy Burnham, do Partido Trabalhista, na Grande Manchester , Steve Rotheram em Liverpool e Tracy Brabin em West Yorkshire, deixaram o Partido Trabalhista no comando da maioria das prefeituras da Inglaterra.

As West Midlands ficaram chateadas, onde Andy Street perdeu para Richard Parker por 1.508 votos, anunciado após uma série dramática de recontagens, após um desempenho desastroso para os Conservadores nas eleições para o conselho local de quinta-feira. Eles terminaram em terceiro, atrás dos Liberais Democratas, em número de assentos conquistados, pela primeira vez desde 1996.

O perigo para Sunak é que os deputados conservadores vejam agora o primeiro-ministro e o partido nacional como tendo destruído um presidente de câmara bem sucedido e popular nas West Midlands, a quem muitos atribuíram o impulso à economia da região. O destino de Street estava selado, apesar de ele ter feito todo o possível para se dissociar do Partido Conservador nacional em sua campanha para um terceiro mandato.

UMA NOVA MOEDA PARA DESTRONAR O DÓLAR

– Estudo de simulação feito por físicos

Matthieu Stricot [*]

O poder do dólar está em declínio? Numa altura em que os países do BRICS avançam abertamente com a ideia de criar uma moeda comum, poderá a rede mundial estar pronta a adotar uma nova moeda internacional? Foi o que estudaram físicos, analisando a estrutura matemática das trocas comerciais.

Tudo começou em 1944. Os acordos de Bretton Woods (Estados Unidos) estabeleceram uma nova organização do sistema monetário internacional, permitindo dissociar o valor das moedas nacionais da oferta e da procura. Uma taxa de câmbio fixa ligava todas as moedas ao dólar, que se tornou a única moeda convertível em ouro. Mas o abandono deste sistema em 1971 não impediu que o dólar mantivesse a sua posição de moeda de referência.

Atualmente, cada vez mais transacções são efectuadas noutras moedas que não o dólar, como o yuan, a moeda emitida pela China. Esta situação deve-se ao crescimento da economia chinesa e às actuais crises geopolíticas (a guerra na Ucrânia, o boicote à Rússia e o abandono dos pagamentos russos de energia em euros levaram a uma descida da moeda comum europeia entre as moedas internacionais, em benefício do yuan). A China já aceitou efetuar transacções financeiras e comerciais diretamente em reais ou yuans brasileiros, libertando-se assim de facto da conversão em dólares.

Conscientes de um ponto de viragem e ainda à procura de emancipação do dólar, os países reunidos sob a sigla BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) estão mesmo a considerar a criação da sua própria moeda. Mas que forma poderá assumir essa moeda?

A emergência será favorecida?

Para Carl Grekou, economista do Centre d'études prospectives et d'informations internationales (CEPII) e investigador associado do laboratório EconomiX [1], há dois cenários possíveis:   "o primeiro seria o de uma taxa de câmbio fixa entre as diferentes autoridades monetárias destes países. E um segundo cenário, mais provável, em que estas economias definiriam uma paridade central e taxas de conversão das moedas de cada país em relação a esta moeda dos BRICS a médio prazo. Trata-se de um sistema mais flexível porque permite que as diferentes moedas se ajustem – de forma bastante suave, ao contrário das desvalorizações – se necessário. A paridade central desempenharia assim o papel de uma taxa de câmbio virtual para a moeda dos BRICS, em relação à qual cada moeda teria uma taxa de câmbio. Trata-se do mesmo sistema do ECU (unidade monetária europeia), precursor do euro ".

Por isso, vale a pena perguntar se, ao considerar apenas a estrutura matemática e o volume das trocas comerciais – sem ter em conta os aspectos económicos e geopolíticos mais delicados – a atual rede financeira mundial poderia favorecer a emergência de uma moeda comum para os BRICS. Os físicos [2] Célestin Coquidé, José Lages e Dima Shepelyansky publicaram recentemente um estudo [3] que tenta responder a esta questão, analisando a estrutura do comércio internacional durante o período de 2010 a 2020 [4]. " Os dados analisados abrangem um total de cerca de 3.000 produtos (gás, petróleo, produtos químicos, máquinas-ferramentas, produtos alimentares, produtos manufacturados, etc.) [5]. Os serviços não foram incluídos. O comércio observado entre dois países, ao longo de um ano, corresponde à soma de todos os produtos transaccionados entre eles e traduz-se num volume relativo de exportação, aqui expresso em dólares americanos ", explica Célestin Coquidé.

Por exemplo, A exporta produtos com um valor total de 100 dólares americanos. "Para estarmos isentos da conversão de moeda e, sobretudo, para termos em conta a interação comercial entre países, traduzimos essa exportação num volume de exportação relativo. Por outras palavras, na rede de comércio internacional em que é simulada a concorrência entre moedas, as ligações de exportação são expressas em percentagem do total das exportações. Neste exemplo, teremos um volume relativo de 10% se as exportações de A para B representarem 10% do total das exportações de A. Assim, durante as nossas simulações, quando uma moeda é atribuída a um país, os volumes de comércio permanecem sempre sem unidade em termos de moeda ", ilustra o investigador.

Para a Europa, o risco real seria prescindir da China: especialista francês

Global Times | # Traduzido em português do Brasil

Nota do Editor:

O presidente chinês, Xi Jinping, embarcará ainda esta semana numa visita a três países europeus – França, Sérvia e Hungria. Que impacto terá esta visita nas relações China-Europa? Sendo a França a sua primeira escala, o que esperar da sua visita? Os repórteres do Global Times (GT), Zhao Juecheng e Wang Wenwen, conversaram com Sébastien Périmony (Périmony), especialista do Instituto Schiller na França, sobre essas questões.

GT: As relações China-UE estão a enfrentar desafios, tanto geopolítica como economicamente. Nestas circunstâncias, que impacto positivo espera que a visita de Xi tenha nas relações China-UE?

Périmony: No mundo de hoje re-dividido em blocos sob a pressão da NATO que se afirma global, somos novamente confrontados com o conceito de uma potência europeia. Ouvimos líderes europeus, incluindo o Presidente francês Emmanuel Macron, apelar cada vez mais pela “autonomia estratégica da Europa”. É óbvio para qualquer pessoa racional que a única solução para os problemas actuais reside num mundo multipolar baseado no conceito de desenvolvimento mútuo, com novos acordos em vigor para uma arquitectura de segurança e estratégias de crescimento vantajosas para todas as nações do mundo.

É digno de nota dizer que nem todos têm a mesma visão da “autonomia estratégica europeia”. Há quem na Europa ainda considere a China um rival sistémico e, portanto, defenda uma política de redução de riscos, ou seja, de deixar de depender da China, mesmo que isso seja impossível. Observamos um caso semelhante na determinação da Alemanha em não depender do gás russo, destruindo assim a sua própria economia. Outros, como vimos na questão de Taiwan, também não querem ser vassalos dos EUA. Numa entrevista em França no ano passado, Macron insistiu neste ponto, apelando à emergência de uma Europa que se tornaria o “terceiro pólo” face aos EUA e à China, ao mesmo tempo que denunciava a “extraterritorialidade do dólar”. 

Para a Europa, a China não é um risco; um dos seus objetivos é “prosseguir um caminho de desenvolvimento pacífico”. A China tornou-se a principal potência económica mundial, com uma série de realizações progressivas, como a redução da pobreza extrema, um problema que continua a persistir no resto do mundo em geral e num número impressionante de países ocidentais em particular, e na economia física. planeamento impulsionado por avanços científicos e tecnológicos em domínios de ponta, como a energia nuclear e o espaço; além disso, a China orgulha-se de possuir a rede de infra-estruturas ferroviárias mais desenvolvida do mundo. Sem mencionar o facto de a China ser um enorme mercado de 1,4 mil milhões de pessoas, incluindo 400 milhões de pessoas com rendimentos médios, e há muitos anos que contribui com mais de 30% para o crescimento económico global. Para a Europa, o risco real seria prescindir da China.

Política externa norte-coreana: um apelo à união contra o imperialismo

A Coreia do Norte não é a prova da teoria do “socialismo num só país”, mas sim da necessidade de uma revolução permanente, acredita Eduardo Vasco.

Eduardo Vasco* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

Apesar das contradições no desenvolvimento da revolução e do Estado Operário Coreano, os norte-coreanos demonstraram inúmeras vezes, ao longo da segunda metade do século XX, a validade da teoria da revolução permanente.

Enquanto a burocracia soviética aprofundava a política fracassada do “socialismo num só país” com a doutrina da “coexistência pacífica” com o imperialismo e o contínuo boicote à revolução mundial, os norte-coreanos pregavam uma luta aberta para abolir o sistema imperialista, começando pela dominação do seu próprio país pela burguesia vassala.

Participaram na Conferência Tricontinental que, em 1966, em Havana, fundou a Organização de Solidariedade com os Povos da Ásia, África e América Latina (OSPAAAL) com o objectivo de expandir a revolução a todo o globo. Os países atrasados, cujos movimentos revolucionários tinham maior independência da burocracia soviética (ao contrário da Europa) foram encorajados a pegar em armas para travar a luta pela libertação nacional, pela revolução democrática e pelo socialismo.

Num artigo para a Revista Tricontinental, Kim Il Sung expressa tal política que se opõe completamente aos ditames de Moscovo, afirmando:

É um erro tentar evitar a luta contra o imperialismo alegando que, embora a independência e a revolução sejam boas, a paz é mais preciosa. Não é um facto real que a linha de um compromisso sem princípios com o imperialismo apenas encoraja as suas manobras agressivas e aumenta o perigo de guerra? Uma paz que leva à submissão escrava não é paz. A verdadeira paz não pode ser alcançada se não lutarmos contra aqueles que a perturbam e se não destruirmos o domínio dos opressores, opondo-nos a esta paz escravista. Da mesma forma que nos opomos à linha de compromisso com o imperialismo, não podemos admitir o medo de lutar contra o imperialismo com acções práticas, limitando-nos apenas a proclamar em voz alta que somos contra o imperialismo. Isto nada mais é do que o oposto da linha de compromisso. Ambas não têm qualquer semelhança com a verdadeira luta anti-imperialista e servem apenas como uma ajuda à política de agressão e guerra do imperialismo. (Fortaleçamos a luta antiimperialista e antiianque, 12 de agosto de 1967)

UE corre risco de ‘implosão’ enquanto extrema direita procura bodes expiatórios -- ministro

Políticos de centro-direita devem resistir ao impulso de copiar ou trabalhar com a extrema-direita, afirma o ministro do Ambiente de Espanha

Sam Jones em Madrid | The Guardian | # Traduzido em português do Brasil

O futuro da UE está a ser ameaçado por pessoas que provocam tensões sociais para obter ganhos políticos a curto prazo, disse o ministro do Ambiente de Espanha antes das eleições parlamentares europeias do próximo mês.

Teresa Ribera, que lidera a lista do Partido Socialista dos Trabalhadores Espanhóis, no poder, nas eleições de Junho, disse que o projecto europeu corre o risco de “uma implosão”.

Ela disse ao Guardian: “Quando as pessoas se perguntam que bodes expiatórios podem usar para os seus problemas – em vez de identificar corretamente as causas dos seus problemas e abordá-los – a procura por bodes expiatórios aumenta.

“E isso quebra a convivência em uma sociedade. Penso que este é o ponto mais arriscado que enfrentamos neste momento – o risco de uma implosão de um projeto europeu que é provavelmente um dos projetos mais bem sucedidos da história e, claro, da história europeia recente.”

Ribera disse que a Europa, que já se debate com “guerras tradicionais, violentas, enormemente sangrentas e dolorosas tanto na Ucrânia como em Gaza”, também enfrenta ameaças daqueles que usam a energia, os alimentos, a desinformação e a manipulação das redes sociais como ferramentas da guerra moderna.

Numa altura de tanta agitação e incerteza globais, acrescentou ela, os políticos de centro-direita devem resistir ao impulso de imitar a extrema direita ou de fazer alianças com ela.

“Acho que está demonstrado que é um grande erro – e historicamente sempre foi – pensar que procurar um território comum com a extrema direita é uma forma de pacificar a extrema direita”, disse ela. “Isso nunca funciona. Os franceses sabem disso muito bem; Acredito que o princípio republicano de um cordão sanitário contra coisas que não são toleráveis ​​ainda é a melhor resposta.”

sábado, 4 de maio de 2024

Propagação das perdas conservadoras leva ex-ministro a dizer que 'não existe lugar seguro'

Rowena Mason Whitehall | The Guardian | # Traduzido em português do Brasil

Os conservadores enfrentam um dos piores resultados eleitorais locais dos últimos 40 anos, com impressionantes ganhos trabalhistas em Inglaterra e no País de Gales, em campos de batalha cruciais de que necessitam para garantir a vitória nas eleições gerais.

A propagação das perdas conservadoras levou um antigo ministro a afirmar que “não existia mais tal coisa como um assento conservador seguro”, mas o primeiro-ministro parecia empenhado em aguentar-se até ao dia das eleições, com os rebeldes do seu próprio partido a não terem apoio. para expulsá-lo.

O especialista em pesquisas, professor John Curtice, da Universidade de Strathclyde, disse que os resultados representaram “um dos piores, senão o pior” desempenho dos conservadores em quatro décadas.

Espera-se que o partido perca até 500 assentos quando todos os votos forem contados, com os Trabalhistas avançando em áreas tanto do “muro vermelho” ao norte, conquistado pelos conservadores sob Boris Johnson, quanto nos tradicionais centros conservadores do sul.

Keir Starmer saudou os resultados “sísmicos”, incluindo a vitória esmagadora nas eleições em Blackpool South, com a terceira maior oscilação desde a Segunda Guerra Mundial, bem como prefeituras em East Midlands, Nordeste e North Yorkshire, que abrange o próprio eleitorado de Sunak.

Não há base económica factual para Biden exigir que a Índia importe milhões de imigrantes

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

O facto de Biden ter chamado a Índia de “xenófoba” com base em pretextos económicos factualmente falsos foi um novo ponto baixo até mesmo para ele e mostra até que ponto os EUA irão agora na sua recém-descoberta cruzada contra a reputação internacional daquele país.

Biden levantou sobrancelhas no início desta semana quando criticou os parceiros americanos próximos, o Japão e a Índia, como “xenófobos” por não importar milhões de imigrantes como os 7,2 milhões de imigrantes ilegais que ele tem até agora nos últimos três anos. Nas suas palavras : “Porque é que a China está tão estagnada economicamente? Por que o Japão está tendo problemas? Por que é a Rússia? Por que é a Índia? Porque eles são xenófobos. Eles não querem imigrantes.” Não há qualquer base económica factual para o que ele escandalosamente afirmou.

A recentemente reduzida taxa de crescimento da China é atribuível à sua mudança sistémica de uma economia em desenvolvimento para uma economia desenvolvida, os problemas do Japão devem-se aos seus problemas monetários , enquanto as lutas incipientes da Rússia – apesar da sua notável resiliência desde 2022 – estão relacionadas com sanções contra indústrias estratégicas. A imigração não tem nada a ver com nada disso. Além disso, é evidentemente falso incluir a Índia entre esses três, uma vez que a sua economia está a crescer a passos largos, o que estas cinco notícias provam indiscutivelmente:

* 3 de setembro de 2022: “ A Índia ultrapassa o Reino Unido para se tornar a quinta maior economia do mundo 

* 24 de agosto de 2023: “ Índia atingirá a maior taxa de crescimento entre as 5 principais economias globais em um futuro previsível: Secretário de Finanças TV Somanathan 

* 5 de dezembro de 2023: “ Índia se tornará a terceira maior economia do mundo – S&P 

* 1º de março de 2024: “ A Índia é 'facilmente' a economia que mais cresce, diz o diretor executivo do FMI, à medida que o crescimento do PIB supera as estimativas 

* 24 de abril de 2024: “ A população jovem da Índia gerará 30% da riqueza global – chefe da bolsa de valores 

A Índia também é o país mais populoso do mundo, sem escassez de mão de obra, por isso não há necessidade de importar imigrantes. Na verdade, o BJP, no poder, fez da repressão aos imigrantes ilegais uma parte importante da sua agenda interna, embora tenha sido considerado “xenófobo” por isso pelos liberais-globalistas ocidentais, bem como pelos seus companheiros de viagem na academia indiana e nos meios de comunicação social. Tal como comprovado pelas notícias partilhadas acima, esta política não teve absolutamente nenhum impacto adverso no crescimento económico.

Tendo isto em mente, a afirmação de Biden é exposta como factualmente falsa e motivada por segundas intenções, particularmente para desacreditar o primeiro-ministro Narendra Modi, à medida que as relações bilaterais continuam a piorar. Em resumo, a recusa da Índia em subordinar-se aos EUA como parceiro júnior daquele país está a impulsionar esta tendência, que assumiu a forma de uma cruel campanha de guerra de informação que se intensificou desde finais de Novembro. As análises a seguir atualizarão os leitores desavisados, caso estejam interessados ​​em aprender mais:

* 23 de novembro de 2023: “ A lua de mel da Índia com o Ocidente pode finalmente acabar 

* 28 de março de 2024: “ A Índia não permitirá que a Alemanha, os EUA, nem ninguém se intrometa nos seus assuntos internos 

* 8 de abril de 2024: “ Especialistas americanos não admitirão que seu país é responsável pelos frágeis laços indo-americanos 

* 29 de abril de 2024: “ Os evangélicos americanos estão girando a cerca da fronteira da Índia com Mianmar como anticristãos 

* 2 de maio de 2024: “ O artigo sobre assassinato de índios de WaPo é um tiro certeiro pelas agências de inteligência americanas 

Agrupar a economia indiana com a chinesa, japonesa e russa não era apenas factualmente falso, mas também pretendia ser um insulto. A Índia está numa feroz competição multidimensional com a China e, portanto, sente-se ofendida por ser comparada ao seu vizinho de qualquer forma, e muito menos negativa. No que diz respeito ao Japão, a Índia é contra a insinuação de que a sua trajectória de crescimento está prestes a estagnar, como aconteceu com a infame nação insular, enquanto a comparação com a Rússia sugere ameaçadoramente o iminente estatuto de pária no Ocidente.

A retórica hostil de Biden contra a Índia foi um novo ponto baixo até mesmo para ele e mostra até que ponto os EUA irão agora na sua recém-descoberta cruzada contra a reputação internacional daquele país. A rápida ascensão da Índia como pólo independente de influência na ordem mundial em evolução acelera o declínio da hegemonia americana, explicando assim a razão pela qual os EUA estão tão obcecados em puni-la por se recusar a tornar-se vassalo. Depois deste último desenvolvimento, não há como saber que outras mentiras os EUA poderão em breve circular sobre a Índia.

* Analista político americano especializado na transição sistémica global para a multipolaridade

Andrew Korybko é regular colaborador em Página Global há alguns anos e também regular interveniente em outras e diversas publicações. Encontram-no também nas redes sociais. É ainda autor profícuo de vários livros.

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