sexta-feira, 26 de abril de 2024

PÁTRIA, A FICÇÃO. REALIDADE PARA QUE CAMINHAMOS. A ANIQUILAÇÃO DA DEMOCRACIA

PÁTRIA – trailer do filme. Pesquise e veja

Filme português "Pátria" estreou nos cinemas em 2023.

É uma fição que imagina uma sociedade totalitária, onde são legitimados os movimentos neonazis que ajudam a impor a ordem.

O filme português "Pátria", do realizador Bruno Gascon é um filme que alerta para o que está a acontecer na Europa.

"Pátria" é uma distopia realista e estreia nos cinemas.

PG com RTP | YouTube

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POLÉMICA: EM BUSCA DA SOBERANIA PERDIDA

A globalização está em crise. Direita deu-se conta e evoca ideia de nação que se liga a Propriedade, Privilégio e (falsa) Segurança. Esquerda demora-se, porque não enxerga as possibilidades de uma luta do povo contra o capital e suas misérias

Fernando Marcelino* | Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

O historiador Eric Hobsbawn apontava que o os governos dos Estados-nações e Estados territoriais modernos apoiam-se em três presunções: primeiro que tenham mais poder do que qualquer outra unidade que opere em seus territórios; segundo, que os habitantes dos seus territórios aceitem mais ou menos de bom grado sua autoridade; e terceiro, que eles possam proporcionar aos habitantes serviços que de outra maneira não poderiam ser prestados com efetividade, como a manutenção da lei e da ordem. Por mais de duzentos anos, até o final da década de 1970, a ascensão do Estado moderno deu-se de forma contínua e independentemente da ideologia e da organização política. Nos últimos quarenta anos, a tendência se inverteu. O Estado neoliberal abandonou muitas de suas atividades diretas tradicionais. O Estado territorial perdeu o monopólio da força armada, da estabilidade e do poder. Ao minar a influência do Estado na condução da sociedade, o (neo)liberalismo passou a desmontar o aparelho estatal, privatizando suas funções para o mercado ou simplesmente retirando-o da responsabilidades antes estratégicas, como o uso legítimo da violência, política monetária e cambial, política externa, energia, infra-estrutura, indústria, serviços de saúde e educação e cultura (HOBSBAWN, 2007).

O conceito de soberania, tal qual o entendemos desde alguns séculos, vem sofrendo uma série de questionamentos, dadas as numerosas variáveis que o colocam em xeque a cada momento, na atualidade. Tais variáveis são tanto de ordem política, econômica, cultural, tecnológica e mesmo natural. Vários elementos contribuíram para a mudança do Estado moderno para o Estado contemporâneo e a consequente alteração no conceito de soberania. O primeiro é o surgimento de novos atores internacionais, como as organizações internacionais, empresas transnacionais e as organizações não-governamentais (ONGs). Outro elemento que afronta a soberania individual do Estado é o desenvolvimento do direito internacional, que impõe normas que buscam regular as relações internacionais, inclusive dentro do âmbito estatal quando da proteção de direitos dos cidadãos, como os direitos humanos. O Estado nacional perde o monopólio da soberania jurídica, tendo que conviver com uma série de atores como escritórios jurídicos, ONGs, instituições internacionais e nações hegemônicas. Um terceiro elemento é a internacionalização do processo de elaboração de decisões políticas. Com o crescimento das novas formas de associações políticas, há uma rápida expansão dos vínculos transnacionais, crescente interpenetração da política externa na doméstica e o desejo da maioria dos Estados em possuir uma forma de governo e regulação internacional que possa afrontar os problemas políticos coletivos. Um quarto elemento são os poderes hegemônicos e estruturas de segurança internacional, que se contrapõem com a idéia de Estado como um ator militar e estrategicamente autônomo no desenvolvimento do sistema global de Estados.

A Alemanha como dano colateral na nova guerra fria americana

Michael Hudson [*]

O desmantelamento da indústria alemã desde 2022 é um dano colateral na guerra geopolítica dos Estados Unidos para isolar a China, a Rússia e os países aliados cuja crescente prosperidade e auto-suficiência é vista como um desafio inaceitável à hegemonia dos Estados Unidos. Para se prepararem para o que promete ser uma luta longa e dispendiosa, os estrategas dos EUA fizeram uma jogada preventiva em 2022 para afastar a Europa das suas relações comerciais e de investimento com a Rússia. De facto, pediram à Alemanha que cometesse suicídio industrial e se tornasse uma dependência dos EUA. Isso fez da Alemanha o primeiro e mais imediato alvo da Nova Guerra Fria americana.

Ao tomar posse em janeiro de 2021, Joe Biden e a sua equipa de segurança nacional declararam a China como o inimigo número um da América, vendo o seu êxito económico como uma ameaça existencial à hegemonia dos EUA. Para evitar que as suas oportunidades de mercado atraíssem a participação europeia à medida que construía a sua própria defesa militar, a equipa de Biden procurou prender a Europa à órbita económica dos EUA como parte do seu esforço para isolar a China e os seus apoiantes, na esperança de que isso perturbasse as suas economias, criando pressão popular para que renunciassem às suas esperanças de uma nova ordem económica multipolar.

Esta estratégia exigiu sanções comerciais europeias contra a Rússia e ações semelhantes para bloquear o comércio com a China, a fim de evitar que a Europa fosse arrastada para a esfera de prosperidade mútua emergente centrada na China. Para se prepararem para a guerra entre os EUA e a China, os estrategas americanos procuraram bloquear a capacidade da China de receber apoio militar russo. O plano era esvaziar o poder militar da Rússia, armando a Ucrânia para atrair a Rússia para uma luta sangrenta que poderia provocar uma mudança de regime. A esperança irrealista era que os eleitores se ressentissem da guerra, tal como se tinham ressentido da guerra no Afeganistão que ajudou a acabar com a União Soviética. Nesse caso, poderiam substituir Putin por líderes oligárquicos dispostos a seguir políticas neoliberais pró-EUA semelhantes às do regime de Ieltsin. O efeito foi exatamente o oposto. Os eleitores russos fizeram o que qualquer população sob ataque faria:   Uniram-se em torno de Putin. E as sanções ocidentais obrigaram a Rússia e a China a tornarem-se mais auto-suficientes.

Este plano dos EUA para uma Nova Guerra Fria global alargada tinha um problema. A economia alemã estava a gozar de prosperidade, exportando produtos industriais para a Rússia e investindo nos mercados pós-soviéticos, ao mesmo tempo que importava gás russo e outras matérias-primas a preços internacionais relativamente baixos. É axiomático que, em condições normais, a diplomacia internacional siga os interesses nacionais. O problema para os guerreiros frios dos EUA era como persuadir os líderes alemães a tomar a decisão pouco económica de abandonar o seu comércio lucrativo com a Rússia. A solução foi fomentar a guerra com a Rússia na Ucrânia e na Rússia e incitar a russofobia para justificar a imposição de um vasto conjunto de sanções que bloqueassem o comércio europeu com a Rússia.

Austeridade na UE: Como os burocratas europeus servem interesses económicos dos EUA

Mais uma vez, a burocracia europeia faz jus ao ditado de que “o que nasceu torto, tarde ou nunca se endireita”.

Hugo Dionísio* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

Mais uma vez, a burocracia europeia faz jus ao ditado de que “o que nasceu torto, tarde ou nunca se endireita”. É o caso da União Europeia, que se construiu como resposta política a uma realidade que já não existe – o bloco socialista – e que, confrontada com a ausência da sua força vital, embarcou num errático processo de alargamento, visava sobretudo provocar a Rússia, criar as condições para a expansão da NATO e responder à crescente necessidade dos monopólios de novos mercados e novas fontes de mão-de-obra qualificada e barata, como é o caso na Europa de Leste.

Neste quadro e em resposta às mesmas necessidades, a UE reedita mais uma vez uma receita já amplamente conhecida pelos povos do Sul. Embora haja um reconhecimento generalizado de que os critérios orçamentais contidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento constituem um estrangulamento ao investimento público e são responsáveis ​​pela visão de curto prazo que deixou os Estados-Membros reféns do autoritarismo financeiro de Bruxelas, num momento em que o O bloco europeu está a perder cada vez mais terreno para as economias com as quais tem de competir, o poder supranacional não eleito da UE propõe mais uma vez, desta vez a todos os europeus, algo em que nenhum destes povos alguma vez votaria: austeridade para o próximos quatro anos (pelo menos).

O que surge no horizonte, sem qualquer discussão nacional aprofundada, depois de aprovado pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu, é um pacote de austeridade global, à escala europeia, aplicável a quase todos os países da União, que foi dado o pomposo nome de “Novo Quadro de Governação Económica” e que se baseia em instrumentos como a “Análise da Sustentabilidade da Dívida” e os “Planos Fiscais Específicos” por estado membro, que serão desenvolvidos no quadro de um período de ajustamento de 4 anos, que pode ser alargado para 7. Se o Pacto de Estabilidade não foi suficiente para levar a maioria dos países à austeridade, desta vez a autocracia da UE está a trabalhar para não deixar ninguém para trás. Cada país deve pôr fim a todas as provas ou memórias de que um Estado social já funcionou com enorme sucesso.

É por isso que temos que dizer que “está a dar jeito”! Numa altura em que os países deveriam investir de forma absolutamente decisiva na industrialização, na inovação e na conquista de um lugar no topo da futura cadeia tecnológica, como estão a fazer a China e a Rússia e os EUA estão a endividar-se brutalmente, o que fazem os contabilistas em Bruxelas Decidir fazer? Adiar a corrida, pondo em causa as metas que eles próprios estabeleceram para 2030 e 2050.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

As relações complexas de Israel com o Irão

Thierry Meyssan*

Se a retórica dos mullahs é claramente anti-israelita, as relações entre os dois países são muito mais complexas do que se crê. Existem, com efeito, dois grupos opostos no Irão. Um entende fazer negócios por todos os meios com o resto do mundo, enquanto o outro ambiciona apenas libertar os povos da colonização. O primeiro não parou de fazer negócios com Israel, enquanto o segundo o combate, ao mesmo nível da luta contra o imperialismo do Reino Unido e dos Estados Unidos.

O conflito entre Israel e o Irão é distinto daquele que opõe a população árabe da Palestina aos imigrantes judaicos. Contrariamente a uma ideia feita, os Persas nunca foram inimigos dos judeus. Aliás, durante a Antiguidade foi Ciro o Grande que permitiu aos judeus sair da Babilónia onde estavam presos como escravos.

Após a Segunda Guerra mundial, quando os Estados Unidos se apoderam dos restos do Império britânico, o Presidente norte-americano Dwight Eisenhower reorganizou o Médio-Oriente. A fim de o dominar, ele designou duas potências regionais para o representar, o Irão e Israel. Desde então, os dois países foram simultaneamente amigos e rivais.

Eisenhower, enviou o seu Secretário de Estado, John Foster Dulles (o irmão do Director da CIA, Alan Dulles), à Síria para organizar uma aliança irano-síria a fim de conter as ambições israelitas. Um tratado de defesa mútua foi assinado entre Damasco e Teerão, em 24 de Maio de 1953. À época, o Presidente sírio, o General Adil Chicakli, era pró-britânico e anti-francês. Este Tratado perdura até hoje [1].

Ao mesmo tempo, o Reino Unido entrou em conflito com o Primeiro-Ministro do Xá Reza Pahlevi, Mohammad Mossadegh, que entendia nacionalizar a exploração do petróleo. Com a ajuda dos Estados Unidos, Londres organizou uma Revolução colorida («Operação Ajax») [2] . Milhares de pessoas foram pagas pelo MI6 e pela CIA para protestar nas ruas e derrubar Mossadegh. Respondendo ao « apelo » do seu povo, o soberano mudou o seu Primeiro-Ministro designando em seu lugar o General nazi Fazlollah Zahedi [3].

EUA enviaram secretamente 100 mísseis balísticos tácticos ATACMS para a Ucrânia

South Front | # Traduzido em português do Brasil

Os Estados Unidos entregaram mísseis balísticos táticos ATACMS de “longo alcance” à Ucrânia no início deste mês, seguindo uma diretiva do presidente Joe Biden, anunciou o Pentágono em 24 de abril.

O MGM-140 é um míssil balístico tático que pode ser disparado do sistema de foguetes de lançamento múltiplo M270 (MLRS) e do sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade M142 (HIMARS), ambos já em serviço nas forças de Kiev.

O presidente Biden aprovou secretamente a transferência dos mísseis em fevereiro para uso dentro do território ucraniano, disse o porta-voz do Pentágono, tenente-coronel Garron Garn, acrescentando que os mísseis foram então discretamente incluídos no pacote de ajuda de 300 milhões de dólares anunciado em 12 de março e finalmente entregues à Ucrânia no início deste ano. mês.

“Não foi anunciado que estamos a fornecer à Ucrânia esta nova capacidade no momento, a fim de manter a segurança operacional da Ucrânia a seu pedido”, disse Garn.

ISRAEL CONTRA-ATACA CONTRA O IRÃO

South Front | # Traduzido em português do Brasil

Israel lançou um ataque ousado contra o Irão, mas não conseguiu dissuadir o país ou qualquer um dos seus aliados no Médio Oriente.

O ataque de 19 de abril ocorreu em resposta aos ataques iranianos com mísseis e drones de 13 a 14 de abril contra Israel, que foi uma retaliação a um ataque israelense à embaixada iraniana na capital síria, Damasco, no início do mês.

A mídia iraniana relatou a interceptação de pelo menos três pequenos drones sobre a Oitava Base Aérea de Shekari, perto da cidade de Isfahan.

Além dos drones, que teriam sido lançados de dentro do Irão, os militares israelitas usaram três mísseis balísticos nunca antes vistos lançados do ar na base aérea. Os primeiros estágios dos mísseis caíram no centro do Iraque.

Os ataques israelenses atingiram vários locais de defesa aérea no sul da Síria durante o ataque, levando à especulação de que aviões de guerra israelenses lançaram seus mísseis de alguma área ao longo da fronteira do país com a Jordânia ou o Iraque.

BLOG DE GAZA - Hamas - Pronto para uma trégua de 5 anos

Ataques israelenses a Rafah, Nuseirat | Todos os Olhos em Rafah – Dia 202

Pela equipe do Palestine Chronicle | # Traduzido em português do Brasil

As forças israelitas mataram e feriram dezenas de palestinianos em novos ataques, visando Rafah e Nuseirat, no sul e centro da Faixa de Gaza.

As facções palestinianas alertaram para as repercussões catastróficas de uma invasão israelita de Rafah, observando que os Estados Unidos e a comunidade internacional seriam responsáveis ​​por isso. 

O alto funcionário do Hamas, Khalil Al-Hayya, disse à Associated Press que o grupo está disposto a concordar com uma trégua de cinco anos e se converteria em um partido político se um estado palestino independente fosse estabelecido. 

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 34.305 palestinos foram mortos e 77.293 feridos no genocídio em curso de Israel em Gaza, iniciado em 7 de outubro.

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ULTIMAS ATUALIZAÇÕES

Quinta-feira, 25 de abril, 18h15 (GMT+2)

BRIGADAS DE AL-QASSAM: Bombardeamos um novo local de vigilância e espionagem no centro de Gaza.

HEZBOLLAH: Alvejamos o quartel Zabdin nas Fazendas Shebaa libanesas ocupadas com armas de mísseis e conseguimos um ataque direto.

AVIGDOR LIEBERMAN: O governo pede para adiar a consideração da lei de recrutamento, apesar da importância do serviço militar.

REUTERS: A Grã-Bretanha incluiu 6 novos indivíduos e entidades no regime de sanções ao Irão, observando que as sanções britânicas visam indivíduos e entidades no sector da defesa.

PAÍSES BAIXOS: A Ministra da Defesa holandesa, Kaisa Ollongren, expressou ao seu homólogo israelita, Yoav Gallant, a preocupação do seu país sobre o planeado ataque a Rafah, sublinhando que “é necessário um cessar-fogo imediato em Gaza e a libertação dos reféns para evitar mais sofrimento”.

REUTERS: O Departamento do Tesouro dos EUA disse que Washington decidiu impor novas sanções relacionadas ao Irã, sem mais detalhes.

ABDUL-MALIK AL-HOUTHI: As nossas operações militares continuam e procuramos expandi-las.

Gaza | 'Sinais de Tortura' – 392 corpos encontrados em valas comuns no Hospital Nasser

Pela equipe do Palestine Chronicle | # Traduzido em português do Brasil

Durante a conferência de imprensa, um responsável da defesa civil partilhou um vídeo das vítimas com sinais de tortura evidentes nos seus corpos, algemados com correias de plástico.

As equipes da Defesa Civil de Gaza descobriram os corpos de 392 pessoas enterradas em valas comuns no Hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.

“As equipas de defesa civil desenterraram 392 corpos das valas comuns”, disse Yamen Abu Sulaiman, chefe da agência de defesa civil de Gaza, numa conferência de imprensa na cidade de Rafah, no sul, na quinta-feira, informou a agência de notícias Anadolu.

Os corpos de crianças estavam entre as vítimas.

“Não sabemos a razão da presença de corpos de crianças em valas comuns no hospital”, disse Abu Sulaiman.

Ele também disse que evidências de tortura foram encontradas em alguns corpos.

O Arquiteto da Limpeza Étnica de Israel

À medida que se desenrola o ataque genocida de Israel a Gaza, o espectro de Yosef Weitz continua vivo, escreve Stefan Moore.

Stefan Moore* | Pearls and Irritations | # Traduzido em português do Brasil

Desde 1948, Israel tem invocado o Holocausto para justificar a expulsão forçada de árabes da Palestina para criar um Estado judeu, mas o plano sistemático para a limpeza étnica estava a ser elaborado anos antes por um fanático sionista chamado Yosef Weitz.  

Em novembro de 1940 – oito anos antes da fundação do Estado de Israel – Weitz escreveu

“Deve ficar claro que não há espaço no país para ambos os povos… Se os árabes o abandonarem, o país tornar-se-á amplo e espaçoso para nós…. A única solução é uma Terra… sem árabes. Não há espaço aqui para compromissos… Não há outra maneira senão transferir os árabes daqui para os países vizinhos… Não deve sobrar nenhuma aldeia, nem uma tribo… Não há outra solução.”

Weitz foi “um colonialista sionista por excelência”, escreve o historiador israelita Ilan Pappé. Nascido na Rússia em 1890 e imigrando para a Palestina ainda criança, Weitz se tornaria o influente chefe do Departamento de Liquidação de Terras do Fundo Nacional Judaico (JNF), criado para colonizar a Palestina, comprando terras árabes para os Yishuv (os judeus imigrantes na Palestina antes 1948).

Como chefe do Departamento de Liquidação de Terras, Weitz supervisionou o programa para comprar propriedades de proprietários ausentes e expulsar os arrendatários palestinos de suas terras.  Mas rapidamente se tornou claro que a compra de pequenos lotes de terra não chegaria nem perto da realização do sonho dos sionistas de criar um Estado de maioria judaica na Palestina.

AJUDA PARA A UCRÂNIA

Rahma, Turquia | Cartoon Movement

Os EUA dão 61 mil milhões de dólares em ajuda à Ucrânia.

Portugal | Por todo o país o povo sai à rua para celebrar, defender e afirmar Abril

Nos 50 anos da Revolução dos Cravos, em vários pontos do país, o povo sai à rua. Mais que celebrar, as várias iniciativas têm presente os valores de Abril, os valores do futuro. 

Celebrar, defender e afirmar Abril, este é o mote em todo o país para as várias celebrações populares que vão ocorrer. Mais que sessões evocativas, a adesão popular demonstra que o espírito de Abril continua bem enraizado nas sociedade portuguesa e que, independentemente de uns quantos que desejem um regresso ao passado, há quem lute pelo futuro.

Em Lisboa, o mote «25 de Abril, agora e sempre! Fascismo nunca mais!» serve de convocatória para o tradicional desfile que terá início às 15 horas no Marquês de Pombal e que percorrerá a Avenida da Liberdade. O desfile é organizado pela Comissão Promotora que contém diversas associações, organizações representativas dos trabalhadores, organizações de juventude, entre outras. 

Na capital do país, mas pela manhã, acontece a tradicional Corrida da Liberdade, cuja organização conta com a participação da Federação das Colectividades do Distrito de Lisboa, da Associação das Colectividades do Concelho de Lisboa e da Associação 25 de Abril.

Na cidade do Porto, logo às 10 horas da manhã, na Praça General Humberto Delgado, haverá jogos tradicionais, às 14 horas uma homenagem aos resistentes antifascistas na antiga sede da PIDE e logo depois um desfile que irá do Largo Soares dos Reis até à Avenida dos Aliados, local onde acontecem concertos evocativos da data.

Portugal | REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL DE 1974

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

A Revolução de 25 de Abril, também conhecida como Revolução dos Cravos, Revolução de Abril[1] ou apenas por 25 de Abril,[2] refere-se a um evento da história de Portugal resultante do movimento político e social, ocorrido a 25 de abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo,[3] vigente desde 1933,[4] e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de abril de 1976, marcada por forte orientação socialista.[5][6][7]

Esta ação foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto na sua maior parte por capitães[8] que tinham participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio de oficiais milicianos.[1][9] Este movimento surgiu por volta de 1973, baseando-se inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas,[10] acabando por atingir o regime político em vigor.[11] Com reduzido poderio militar e com uma adesão em massa da população ao movimento, a reação do regime foi praticamente inexistente e infrutífera, registando-se apenas quatro civis mortos e quarenta e cinco feridos em Lisboa, atingidos pelas balas da DGS.[12]

O movimento confiou a direção do país à Junta de Salvação Nacional, que assumiu os poderes dos órgãos do Estado.[13] A 15 de maio de 1974, o General António de Spínola foi nomeado Presidente da República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuído a Adelino da Palma Carlos.[14] Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como o PREC (Processo Revolucionário em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações[15] e confrontos militares que terminaram com o 25 de novembro de 1975.[16][17]

Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República. Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de abril, denominado como "Dia da Liberdade".

Portugal | HORA DA LIBERDADE, filme -- 25 de Abril de 1974

quarta-feira, 24 de abril de 2024

As fogueiras em que arde a liberdade na União Europeia!

A União Europeia demonstra todos os sintomas de uma estrutura em crise profunda.

Hugo Dionísio* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

A União Europeia demonstra todos os sintomas de uma estrutura em crise profunda. Tal como outras organizações, no passado, quanto mais tentam passar uma imagem de coesão interna, maiores as fissuras que criam, a partir da exigência, cada vez mais férrea, de cumprimento das regras que tal aparência de coesão exige.

Para conseguir afirmar o seu poder político, Bruxelas é apresentada como um poder, tão distante quanto inatingível, de tal forma superior, que tudo o que dispõe é inquestionável. Colocando-se em tal pedestal, Bruxelas arroga-se de uma sapiência e omnisciência presumida, apostando num processo de comunicação muito bem montado, assente na ideia de um poder acima de todos os outros, acima dos poderes eleitos, acima dos “governos do povo” ”: “A UE disse que…”; “a UE diz que não se pode…”; “o governo pediu à UE que…”; “a UE avisou que…”; “o governo foi obrigado, pela UE, a…” Tudo assim, sem questionamento, crítica ou reflexão. Uma espécie de extensão europeia da teoria da “única nação necessária”.

Se até certa altura, estávamos perante um poder que se impunha por si próprio, que se bastava a si próprio, cuja inatingibilidade era suficiente para desencorajar qualquer ideia contraditória, face à monumentalidade da tarefa que consistia em enfrentar, não um governo, mas “o governo dos governos todos”; Actualmente, Bruxelas deixou de se contentar com essa superioridade ontológica, passando a exigir provas inequívocas de lealdade.

Tal significa que aderir, ou não, à “realidade narrativa” apresentada pela burocracia europeia, há muito que deixou de ser um ato voluntário. A lealdade passou a ser demonstrada pelo vigor e rigor com que se interioriza uma ideologia “comunitária” – a meu ver trata-se mais de uma idolatria. Houve um momento que funcionou como um sinal para a ativação de mecanismos conformadores das opiniões, à “realidade narrativa” emanada da União. Esse momento está situado em 25/02/2022. Mesmo no Covid, embora já se sinta a mão de ferro, na circulação de informação que questiona as vacinas, métodos e políticas desenvolvidas, não auxiliamos, na Europa, à utilização corrente de meios coercivos diretos, para silenciar, condicionar ou responsabilizar quem não aderia à narrativa.

Angola | Todo o Mundo e Ninguém – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os jovens da minha geração colocavam-se em campos diversos. Uns queriam viver tranquilos na ordem colonial. Outros sonhavam com umas férias em Portugal viajando agora e pagando depois na agência de Dona Lacas D’Orey. A esmagadora maioria não tinha qualquer direito, nem a sonhar porque eram negros. Uns tantos, amalucados, sonhavam salvar o mundo, começando por restaurar a Liberdade de Cabinda ao Cuando Cubango e do Lobito ao Luau. Sempre fui mais aventureiro do que outra coisa e por isso alinhei na equipa dos salvadores. Depois de levar porrada de criar bicho, anos a fio, década após década, continuo no mesmo lugar. Burro velho não aprende línguas.

O Teatro serviu-me de linimento para as feridas no orgulho de fracassado. Por indicação do Doutor Lucas, meu professor, mergulhei na obra de Gil Vicente. Poucas vezes o génio humano chegou tão longe. O meu “auto” favorito é Todo o Mundo e Ninguém. Apaixonei-me pelo texto. A paixão foi tão assolapada que mexi os cordelinhos para ser levado à cena no Clube da Terra Nova. Mesquita Brehm era o encenador. Ilídio Alves fazia de Todo o Mundo, um senhor muito rico. Kid Kindumba era Ninguém, um homem andrajoso, pobre. O diabo Belzebu era eu e o diabrete Dinato só aparecia em voz.

O pobre Ninguém pergunta ao ricaço Todo o Mundo: Que andas tu aí buscando? E o ricaço responde enfadado: Mil coisas ando a buscar:/delas não posso achar,/porém ando porfiando/por quão bom é porfiar.

O meu nome é Todo o Mundo/e meu tempo todo inteiro/sempre é buscar dinheiro/e sempre nisto me fundo. O pobrezinho apresenta-se: Meu nome é Ninguém e procuro a Consciência!

Aqui entra o diabo Belzebu com esta fala: Esta é boa experiência/Dinato, escreve isto bem. 

E o diabrete Dinato: Que escreverei companheiro? Belzebu: Que Ninguém busca Consciência/e Todo o Mundo Dinheiro.

Ruanda aplaude lei de deportação britânica e ONU contesta

Ruanda celebra aprovação de lei britânica que permite deportar para o país migrantes ilegais, enquanto ONU e Conselho da Europa apelam ao Reino Unido para reconsiderar, citando preocupações com direitos humanos.

Governo do Ruanda manifestou-se hoje satisfeito com a votação no parlamento britânico do polémico projeto de lei que permite a expulsão para aquele país africano dos requerentes de asilo que entraram ilegalmente no Reino Unido.

"Estamos satisfeitos que o projeto de lei tenha sido adotado pelo parlamento britânico", disse o porta-voz do Governo do Ruanda, Yolande Makolo, num comunicado enviado à Agência France Presse (AFP), acrescentando que as autoridades estão "ansiosas por acolher as pessoas realocadas no Ruanda".

Na segunda-feira, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, qualificou a aprovação da legislação que permite a deportação de migrantes ilegais para o Ruanda como uma "mudança fundamental na equação global da migração". 

"A aprovação desta legislação histórica não é apenas um passo em frente, mas uma mudança fundamental na equação global da migração", afirmou, em comunicado.

O Governo britânico anunciou estar confiante que o primeiro voo para o Ruanda possa ser efetuado dentro de 10 a 12 semanas, antecipando múltiplos recursos judiciais.

PREPARE-SE PARA A NOVA OFENSIVA RUSSA

South Front | # Traduzido em português do Brasil

Na noite de 23 de abril, os ataques russos atingiram instalações militares e industriais ucranianas em todo o país. Explosões trovejaram na capital ucraniana e em áreas próximas. Segundo relatos locais, pelo menos um sistema de defesa aérea foi destruído ao sul de Kiev.

Uma nova onda de ataques russos atingiu a infra-estrutura portuária na região sul de Odessa. Os militares russos estão a atacar instalações utilizadas para o fornecimento de equipamento militar da NATO e de outros estados.

Mais alvos militares foram destruídos na região de Kherson, devastada pela guerra.

As forças aeroespaciais russas estão a atacar os militares ucranianos tanto na retaguarda estratégica como na frente. Eles asseguram o contínuo avanço russo em diferentes direções.

O avanço da defesa ucraniana na direção de Avdeevka resultou na perda de controle pelas Forças Armadas da Ucrânia sobre a aldeia estrategicamente importante de Semenovka. Uma bandeira russa já tremula no centro da aldeia, enquanto as operações de limpeza continuam no norte. Parece que nenhuma reserva militar enviada às pressas para a área poderia ajudar os militares ucranianos a salvar o controle da aldeia. Semenovka está localizada nas alturas dominantes no flanco norte da defesa ucraniana na região de Avdeevka. O controlo facilita os ataques russos ao reduto ucraniano remanescente a oeste de Avdeevka e abre caminho para um maior avanço nas alturas em direcção ao grande centro logístico ucraniano de Novogrodovka.

A fase principal da batalha pelo principal reduto ucraniano na direção de Artyomovsk, Chasov Yar, está se aproximando. Os militares russos controlam a fortaleza na parte nordeste da cidade. Por sua vez, as Forças Armadas da Ucrânia estão a equipar rapidamente novas linhas de defesa nas zonas residenciais, bem como nos arredores da cidade. Um dos principais redutos ucranianos na área é o canal Seversky Donets – Donbass, localizado a sudoeste de Chasov Yar. Os militares ucranianos destruíram as travessias do canal durante a batalha por Bakhmut. A barreira natural reforçada com infra-estruturas defensivas e campos minados visa deter os veículos pesados ​​russos.

Em meio às constantes derrotas ucranianas nas linhas de frente em diferentes direções, Kiev está novamente chorando sobre uma próxima ofensiva russa. “Rumores” sobre os próximos ataques russos nas regiões do Nordeste estão a espalhar-se cada vez mais. Os constantes ataques de precisão às infra-estruturas militares e energéticas locais forçam a restante população civil a abandonar a cidade de Kharkiv. Além disso, os militares russos teriam começado a desminar alguns corredores perto da fronteira. Os militares ucranianos destacados nas áreas de Kharkiv e Sumy estão constantemente a bombardear e a tentar ataques terrestres nas aldeias fronteiriças russas. Assim, uma possível ofensiva russa através da fronteira pode criar a zona tampão necessária destinada a proteger o território russo.

Ler/ver em South Front:

Defesa Aérea Ucraniana Esgotada

Não há descanso para o exército ucraniano, nem na frente nem na retaguarda

Nenhuma invenção ajuda a Ucrânia a alcançar vitórias

Manobras OTAN nas fronteiras russas aumentam riscos de incidentes militares - Zakharova

# Traduzido em português do Brasil

MOSCOVO, (Sputnik) - As manobras da OTAN perto das fronteiras da Rússia, programadas para começar na sexta-feira na Finlândia, aumentam os riscos de possíveis incidentes militares, disse à Sputnik a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

"A aliança continua a sua exploração militar prática de um Estado outrora neutro, um participante respeitado nas discussões sobre o fortalecimento da estabilidade e da segurança. As manobras mencionadas perto das fronteiras da Rússia aumentam os riscos de possíveis incidentes militares", disse Zakharova.

A Rússia, por sua vez, está monitorando de perto “as ações agressivas do Ocidente coletivo”, disse ela.

“Sem qualquer dúvida, serão tomadas todas as medidas necessárias de natureza política, militar e técnica para combater as ameaças à capacidade de defesa do nosso país”, disse Zakharova.

Sputnik Globe

Portugal | COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL

Cinquenta anos volvidos, Portugal prepara-se para comemorar mais um aniversário da Revolução de Abril. O sentido desta comemoração deve ser bem definido. Hoje já não se pode tratar as suas conquistas como se ainda estivessem em vigor. As principais – nacionalizações, Reforma Agrária, liberdade de imprensa, ... – foram meticulosamente destruídas. Portugal vive agora sob a ditadura do capital financeiro e o seu regime está podre. A fachada formal de democracia que subsiste apenas mascara o essencial.

Assim, as forças políticas que fizeram a Revolução de Abril deveriam hoje denunciar a perda da soberania nacional, monetária inclusive, defender o afastamento da NATO e da UE, denunciar a não aplicação de facto do que ainda resta de bom na Constituição de 1976. Mas se se acomodarem numa institucionalidade apodrecida, se fingirem que a Revolução ainda está em vigor, se se limitarem a discursos auto-congratulatórios, tais forças condenar-se-ão à irrelevância – definharão. O povo português está ansioso por rupturas, deseja-as. Cabe às forças progressistas liderá-las e encaminhá-las no bom sentido. A bandeira das rupturas não deveria ser um exclusivo da extrema-direita.

Por isso, as comemorações dos 50 anos da Revolução de Abril deveriam ter um sentido de resistência e não de comemoração de algo presente. Tal como, no tempo salazarista, os democratas faziam da comemoração da República de 1910 um ato de resistência.

Resistir.info - 18/Abr/24

Portugal | OS HOMENS DA TROIKA


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | ESTOU A VER O FIM DO 25 DE ABRIL?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

A primeira liberdade que há 50 anos o Movimento das Forças Armadas trouxe aos portugueses foi a liberdade de expressão. O que é a liberdade de expressão?  É a liberdade de dizer, a liberdade de discordar, a liberdade de criticar, a liberdade de apoiar, a liberdade de escrever, a liberdade de publicar, a liberdade de ler, a liberdade de ouvir, a liberdade de ver, a liberdade de divulgar, a liberdade de propagandear, a liberdade de ajuizar, a liberdade de duvidar, a liberdade de gracejar, a liberdade de escarnecer.

A liberdade de expressão é a liberdade da circulação das ideias, das mais parvas às mais inteligentes, das mais profundas às mais inconsequentes, das mais revolucionárias às mais reacionárias, das mais humanas às mais selvagens.

Este foi um direito que a população, concentrada frente ao Quartel do Carmo, à espera da rendição do ditador Marcello Caetano, decretou com efeitos imediatos logo nesse dia 25 de Abril de 1974 e que depois o país referendou na semana seguinte, no dia 1 de Maio, com a maior manifestação política alguma vez ocorrida neste país, celebrando-a por toda a parte com gritos comocionados: “Viva, viva a liberdade!”

Tudo o que se passou depois decorreu da utilização dessa liberdade de expressão e a sociedade portuguesa que construímos ao longo destes 50 anos, com os seus imensos defeitos e as suas evidentes virtudes, resultou da sobrevivência do debate político suportado no princípio da superioridade da liberdade de expressão: a liberdade de expressão foi a maior de todas as conquistas de Abril.

No dia 25 de Abril de 1974 eu era uma criança com 10 anos de idade, filho de uma família que não falava de política. Apesar disso, a lembrança que tenho desse dia é detalhada e permanente. A razão é esta: os adultos, todos os adultos à minha volta mudaram instantaneamente, numa transformação tão drástica, tão rápida e tão evidente que ficou impressa a tinta indelével na minha memória infantil. Porquê? Porque os adultos, de repente, falavam livremente, com desenvoltura, com atrevimento, com assertividade e, mesmo não percebendo muito bem sobre o que falavam, até uma criança como eu entendia que havia um “antes” e um “depois” daquele dia e percebia que o “depois” era emancipador e o “antes” era opressor.

Talvez seja por isso que, 50 anos depois, ao ver multiplicarem-se agressões à liberdade de expressão, algumas delas entretanto institucionalizadas ou oficiosamente aceites pelo poder político e económico, sinto cada uma delas como uma autêntica agressão pessoal.

É a liberdade de expressão que me dá o direito e o instrumento para combater e criticar todas a ideias que eu acho negativas neste mundo e é, por outro lado, a liberdade de expressão que me dá o direito de tentar convencer os outros da bondade das minhas ideias.

Mas aceitar a liberdade de expressão impede-me de proibir a manifestação das ideias dos outros, caso contrário terei de aceitar que os outros possam proibir a exposição das minhas ideias.

Quando a Alemanha proíbe e criminaliza uma conferência que o antigo ministro grego Yannis Varoufakis ia dar em Berlim sobre a questão palestiniana; quando vários artistas e académicos são penalizados, cancelados, nos EUA e na Europa Ocidental, por terem posições políticas críticas da NATO ou de Israel; quando jornalistas de países ditos democráticos são perseguidos e presos por reportarem o “lado errado” dos conflitos; quando se lançam antigos livros e filmes, clássicos, “limpos” de vocabulário ofensivo; quando a coberto da proteção contra as fake news se impediu a crítica aos confinamentos da covid-19 e aos efeitos secundários de vacinas pobremente testadas; quando se admitiu que o professor russo Vladimir Pliasso fosse despedido da Universidade de Coimbra por razões ideológicas; quando em vez de educarmos e combatermos socialmente a linguagem não-inclusiva a tentamos impor à força, pela lei; quando nenhum político tenta reverter a decisão europeia de cancelar o canal russo RT; quando vejo o Facebook censurar durante uns dias a página de um partido que é meu inimigo político, o Chega (apesar de que, talvez, esse partido gostasse de limitar a minha liberdade de expressão); quando vejo, também em Portugal, multiplicarem-se todos estes movimentos, à esquerda e à direita, de limitação da liberdade de expressão vejo, simultaneamente, a aproximação do fim de uma ideia essencial do 25 de Abril que agora celebramos, vejo o fim da liberdade de expressão, vejo o fim de uma grata memória de infância, vejo o fim de toda uma conceção social de boa parte das nossas vidas.

* Jornalista

Portugal | LUCILIA GAGO... LÚCIDA?... E OS VÍDEOS ESCOLHIDOS (TVI Player)


VER 3 VÍDEOS E ATENTAR NAS DECLARAÇÕES 

Lucília Gago foi "parca em explicações". O que a PGR fez "foi insuficiente e acaba por ser contraproducente em relação à responsabilidade da própria neste caso"

"Não me sinto responsável" pela queda do Governo: PGR quebra o silêncio

PGR rejeita críticas de "certos alvos de investigações" e garante que Ministério Público permanecerá "incólume e inquebrantável"

Dizem que foi um 'Golpe de Estado Palaciano e pela surra'. Popularmente chamam-lhe 'uma golpada'. Foi?

Pesquisa: Redação PG

Portugal | O povo é carneiro. Viva o pasto, pago a um euro a pitadinha de erva…

Bom dia. Este, a seguir, é o Curto do Expresso de hoje, laudas do artífice Cândido da Silva do famigerado veículo de comunicação do tio Balsemão Bilderberg e sabe-se lá mais o quê.

Hoje é quinta-feira, 24 de Abril. Há cinquenta anos por esta hora já havia operacionais militares disponíveis, vindos do ex-ultramar e não só, que estavam em pulgas para ouvirem tocar a reunir. Não muitos, mas uns quantos. Depois a coisa encheu-se deles e transbordou. Isto é só um reparo que parece estar sem ser de importância para a concretização e sucesso do Movimento dos Capitães que depôs o estado podre do salazar-marcelismo-fascista que assolou e massacrou a vida dos portugueses e dos cidadãos dos territórios além-mar ocupados-colonizados que em muitos casos já se haviam rebelado e lutavam com armas e dentes contra os mandantes do ‘puto’, então esta merda de país oprimido chamado Metrópole.  Portugal para as coisas oficiais-colonialfascizantes. Adiante.

Cinquenta anos é muito tempo. Dá para aprender imenso… Parece que não, concluímos ao atentarmos no estado deplorável a que este país chegou. A data histórica e heróica de 25 de Abril de 1974 está a ser arrastada violentamente pelas ruas, pelos Passos Perdidos da Assembleia da República e pelo próprio Hemiciclo Parlamentar. Os do atual governo de direita recém chegados ao governo (PSD, CDS, PPM) dão o mote. Antes, após deposto por um golpe de estado gizado pela justiça/ministério-público (a pseudo-justiça) e mais uns quantos a saber, foi o governo de maioria PS, parece que saído do caneiro da trampa, que fugiu às suas responsabilidades e governou 'à la garder' e orgulhosamente só fazendo fretes à direita e aos ricos dos mais ricos, reservando ao povoléu as migalhas sobrantes. Coisas da política e da sacanagem criminosa e oportunista que se apoderou dos bens públicos esvaziando e mandando às malvas os interesses do coletivo a que chamamos povo…

Adiante que se faz tarde.

Recomeçando. Com que então este arrazoado inicial é a abertura para o Curto do Expresso. Pois. Ora vamos lá ao Curto já aqui em baixo. A seguir, como é disposto e dito.

A começar com “Os valores de Abril”. Pois. Pois. Pois, pois.

Dito que um Carneiro, homem de Abril, militar-capitão, foi quem liderou a revolução no Porto. Obrigado capitão Carneiro. Atualmente temos carneiros a balir e em busca de mais e mais carcanhol para si próprios, família e amigos. Surpresa: só lhes toca migalhas nos roubos. São pobres, pois claro que pobres mas alegretes, os ignorantes abutrecos. Também temos carneiros sempre falidos que se metameforsearam em canídeos. São esses que uivam, uivam, mas não saem da cepa torta, da miséria e da fome que por vezes mitigam num MacDonalds da modernidade em vez de o fazerem na tasca do Jaquim comendo uns chicharros fritos ou umas febras regadas a branco fresco no valor de tostões por copo, do naco de carne e do pão. Não, agora é tudo a montes de euros para encher os cofres dos do Tio Sam Terrorista e Veneno Global. E dizem eles que a vida está melhor… Mas a comerem e beberem merda à laia da estranja ianque e anglófona repleta de colesterol. Boa. Trabalhem por dez reis mal coados, deixem-se escravizar que depois vem a libertação quando derem o peido-mestre.

Avancemos. Do Curto ‘aberto’ não pomos mais antecedentes. Já vamos longos. Além disso hoje estamos calões, no descanso. Estamos na expectativa de que surja por aí um novo 24 de Abril de pantufas que depois se transformará em calçado com cardas tipo PIDE/DGS e Polícia de Choque do Maltês. Avante fascistas da modernidade. O povo é carneiro.

Viva o pasto, pago a um euro a pitadinha de erva…

O Curto, a seguir. Para mais tarde desenjoar. E desculpem qualquer coisinha… As verdades são inconvenientes e indelicadas, não são? Pois, pois.

MM | Redação PG

terça-feira, 23 de abril de 2024

UCRÂNIA: GEOPOLÍTICA DO TRÁFICO DE SERES HUMANOS

Como as operações ocidentais de mudança de regime permitem atividades criminosas

De acordo com uma investigação recente, o regime de Kiev está à frente de um grande esquema internacional de comércio de escravos.

Lucas Leiroz* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

O comércio de escravos na Ucrânia tornou-se um dos problemas mais graves do nosso tempo. Desde o golpe de Estado de 2014, Kiev tem sido um interveniente fundamental na escravatura moderna, especialmente nas redes de tráfico de seres humanos e de exploração sexual. A instabilidade política e social que tem afectado o país desde a operação de mudança de regime liderada pelo Ocidente é um dos principais factores para o crescimento de tais violações dos direitos humanos.

Um recente relatório de investigação publicado pela Foundation to Battle Injustice mostrou em detalhes a gravidade do comércio de escravos na Ucrânia. Segundo a organização, Kiev tornou-se um dos principais polos globais do mercado de tráfico de pessoas, com livre exploração e circulação de trabalhadores irregulares – além do conhecido tráfico de mulheres e crianças no mercado sexual predatório.

O estudo aponta que mais de 300 mil ucranianos foram vítimas do mercado de escravos entre 1991 e 2021. Esta situação, no entanto, deteriorou-se ainda mais desde que Vladimir Zelensky chegou ao poder. Estima-se que desde o início do governo de Zelensky, mais de 550 mil ucranianos tenham sido escravizados. Estes números são alarmantes e colocam a Ucrânia como um dos principais agentes do tráfico de seres humanos em todo o mundo.

No seu relatório, citando fontes familiarizadas com o tema e vários especialistas, a Fundação expôs como o comércio de escravos na Ucrânia não se limita à exploração de cidadãos ucranianos. Desde 2021, dois centros de acolhimento para refugiados de África funcionam em Ternopil. Estas instalações foram utilizadas não só para receber migrantes, mas também para os vender no mercado negro europeu. Um suposto membro do Gabinete Presidencial Ucraniano, sob condição de anonimato, relatou aos investigadores que o organizador da rede ucraniana de tráfico de pessoas é Ruslan Stefanchuk, atual presidente da Verkhovna Rada.

Angola | A Essência das Coisas Básicas – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A direcção do MPLA esteve reunida no fim -de-semana e o líder do partido meteu água e luz na agenda. Tirando esse devaneio, usou o populismo para esvaziar a greve dos funcionários públicos, particularmente médicos, professores e funcionários dos Tribunais.  A Ordem dos Advogados de Angola pôs equipas acompanhando as paralisações laborais numa tentativa de travarem violações dos direitos dos grevistas como antes aconteceu.

A Ordem dos Advogados, num comunicado oficial, afirma que na greve geral anterior (Março) “sindicalistas e grevistas foram agredidos, detidos e intimidados, colocando em causa a liberdade fundamental sindical”. Isto aconteceu no país onde o MPLA é maioritário na Assembleia Nacional. O seu cabeça de lista às eleições de 2022 foi eleito Presidente da República e Titular do Poder Executivo. João Lourenço anunciou aos dirigentes do seu partido que vai comprar consciências à razão de 30 mil kwanzas por cabeça. A resposta foi dada hoje.

Na reunião, João Lourenço queixou-se de ingerências da ONU no caso de “um cidadão angolano” que tem no estrangeiro dois mil milhões de dólares. Pita, o grós incompetente, já tinha cantado a mesma canção do bandido. Os Media Públicos afinaram pela mesma medida. Um canal de televisão fez uma infografia com o mapa-mundo e os pontos onde alegadamente o empresário Carlos São Vicente tem dinheiro depositado. Os jogadores de xadrez costumam pensar muito à frente para desferirem o xeque-mate. Estes xadrezistas são primários, vivem de percepções e desceram de mensageiros para mujimbeiros, estafetas ou recadeiros.

Infografias é comigo. Imaginem que punha a circular uma com os locais onde os dez mais ricos de Angola, depois de 2017, têm guardado o dinheiro. Calma, ainda não desci a esse nível. Mas teria muito sucesso uma infografia com os locais em Angola onde João Lourenço, filho de honrado enfermeiro, tem os bens móveis e imóveis. Setas em todas as direcções. Muitos mundos e fundos. Ainda bem.

Angola | Exclusões na Grande Família -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Presidente João Lourenço aprovou e mandou publicar o Decreto  número 69/21 de 16 de Março, que dava dez por cento de comissões a quem acusasse, julgasse, condenasse e “recuperasse activos”. A Ordem dos Advogados de Angola pediu ao Tribunal Constitucional a “fiscalização abstrata sucessiva” do diploma nestes termos: "Ao atribuir aos Tribunais o direito à comparticipação pelos ativos financeiros e não financeiros, por si recuperados, ficam, desde logo, maculados os princípios da isenção e da independência dos juízes e dos Tribunais, bem como o direito fundamental a julgamento justo e conforme à Lei".

Mais grave do que isto é impossível. Mas o Presidente da República ignorou a diligência da Ordem dos Advogados. Os seus assessores permitiram ou aconselharam-no a cometer um atentado contra o Estado de Direito e Democrático. A direcção do MPLA seguiu o mesmo caminho. Uma posição incompreensível porque tem ao dispor o Comité de Juristas onde estão os mais competentes e reputados advogados. O Decreto Presidencial andou à solta mais de dois anos e meio dando cobertura a arbitrariedades, abusos e injustiças! 

Até que do plenário dos juízes do Tribunal Constitucional saiu o Acórdão número 845/2023 que considera o Decreto Presidencial celerado, ferido de “inconstitucionalidade orgânica e formal das normas”. Mas também declara “a inconstitucionalidade material por violação de artigos da Constituição da República de Angola”. 

Durante dois anos e meio, esse monstro jurídico esmagou a credibilidade da Justiça. Rebentou com a honra da Magistratura Judicial. Demoliu o Estado de Direito. Esmagou o regime democrático. Fingir que o Decreto Presidencial 69/21 nunca existiu é ainda mais errado do que ter permitido que existisse durante quase três anos. É ignorar que morreram todos os processos no âmbito da “recuperação de activos”. Os seus resultados foram produzidos em cima da “inconstitucionalidade orgânica e formal das normas” desse Decreto Presidencial celerado. Ferido de inconstitucionalidade material, por violar vários artigos da Lei Fundamental. Pior do que isto é impossível.

Este fim-de-semana os dirigentes do MPLA, ante tal gravidade que afecta o Estado Angolano e fez tantas vítimas, algumas são militantes e dirigentes do próprio partido, tinham o dever de discutir esta questão. Mas também deviam analisar um parecer do Grupo de Trabalho do Conselho de Direitos Humanos da ONU que considera arbitrária a prisão de Carlos São Vicente. E ilegal o seu julgamento. A vítima tem um a relação com o MPLA desde a adolescência. Trabalhou muito para o MPLA. Ninguém questiona por estar arbitrariamente preso. Por ter sido julgado e condenado no âmbito de um Decreto Presidencial que é inconstitucional!

Angola | O Rei Vai de Fato e Pita a Nu -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O jornal britânico The Times, nascido no dia 1 de Janeiro 1788, era líder mundial em tiragens, circulação e expansão no final do século XIX. Assim continuou durante muitos anos. Hoje tira uns esquálidos 350.000 exemplares diários, quase metade do Ouest France e menos do que o jovem El País. O jornal chinês China Daily, em língua inglesa, tira quase 800.000 exemplares, o mesmo que o russo Moskovskij Komsomolets. 

Nos bons velhos tempos a administração do circunspecto diário inglês dizia que “a publicidade está para o jornal como o vapor está para as máquinas”. A notícia começava a ser uma mercadoria, as páginas dos jornais espaços de negócios lucrativos e os jornalistas assalariados, estrangulados pelos patrões. As Redacções, altares sagrados da Liberdade de Imprensa, passaram a ser covis de interesses ilegítimos. Matadouros do Jornalismo. O The Times dá notícias falsas sobre Angola! Vamos receber os negros sem documentos, refugiados, que Londres considera indesejáveis. Tudo mentira!

Em Angola os jornalistas do Século XIX eram ao mesmo tempo proprietários da empresa jornalística e da tipografia. Redigiam notícias e textos doutrinários, compunham e paginavam. Alguns até distribuíam os seus jornais nas ruas. Os jovens aspirantes a jornalistas, antes de iniciarem a profissão, deviam tomar um banho de imersão em jornais como O Mercantil (1870), O Commercio de Loanda (1867), Echo de Angola (1881), Mukuarimi (1888), Pharol do Povo (1890) ou A Voz de Angola (1908). Já vendi o meu peixe. Agora vamos à fruta podre.

Os órgãos dirigentes do MPLA estiveram reunidos ontem e hoje. João Lourenço apareceu com fato de rei e uma gravata que faz o mesmo papel da bengala do Jonas Savimbi, com a qual matava à paulada quem lhe fazia sombra. Os Media não deram nota de intervenções atribuindo ao líder o milagre de termos sol de dia e lua à noite. Menos mal. 

João Lourenço foi directo ao assunto. A Procuradoria-Geral da República é o máximo. E chamou ao palco o processo de Carlos São Vicente, dizendo aos dirigentes partidários que “estamos a recuperar junto das autoridades helvéticas quase dois mil milhões de dólares americanos (há quem lhes chame dois bilhões) de um cidadão angolano, de acordo com a sentença do Estado. Estamos a trabalhar desde 2023 com a Suíça. Mas até à data não conseguimos. Não temos esse dinheiro em nossa posse”.

Tropas dos EUA no Níger 'presas', dizem não ter acesso a correspondência e remédios


 Al Mayadeen | # Traduzido em português do Brasil

A situação agravou-se no mês passado, quando o coronel major Amadou Abdramane, porta-voz da junta governante do Níger, denunciou publicamente os EUA e encerrou a parceria de “contraterrorismo” entre os dois países.

Um relatório recente divulgado pelo deputado Matt Gaetz, da Flórida, revelou que a administração Biden estava ocultando intencionalmente informações cruciais sobre a deterioração das relações militares dos EUA com o Níger, relata o The Intercept.

De acordo com as conclusões de Gaetz, os militares dos EUA no Níger enfrentam desafios significativos, incluindo a incapacidade de aceder a recursos essenciais, como medicamentos, correio e outras formas de apoio do Pentágono. 

A situação agravou-se no mês passado, quando o coronel major Amadou Abdramane, porta-voz da junta governante do Níger, denunciou publicamente os EUA e encerrou a parceria de “contraterrorismo” entre os dois países.

Abdramane citou violações da constituição do Níger como base para revogar o acordo que permitia que tropas dos EUA e funcionários civis do Departamento de Defesa operassem no Níger desde 2012.

Apesar da gravidade da situação, o Pentágono está a ser acusado de não ter abordado adequadamente as preocupações levantadas pelo relatório de Gaetz.

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