< Artur Queiroz*, Luanda >
Kindumba! A tua família morreu toda no desastre da Leba. O rapaz começou a chorar convulsivamente, dando chapadas na própria cara. Aí o mensageiro falou a boa nova: Tem calma meu mano! O teu irmão caçula está vivo mas internado nos cuidados intensivos do hospital do Lubango. O flagelado continuou chorando. Um desastre é um desastre, morra um ou mil.
João Lourenço para Pinochet só lhe faltam as penas. Aqui ao meu lado o Carlinhos diz que homem, mesmo ditador, não tem penas. Nada melhor do que uma criança para encontrarmos o caminho mais curto para a realidade. Hitler exterminou mais seres humanos do que Pinochet, Franco, Mobutu ou Salazar. Mas independentemente do número de vítimas são todos ditadores sanguinários.
O nosso Pinochet sem penas tem truques de ditador. Métodos de ditador. Índole de ditador. Sangue de ditador. Usa o tribalismo e o racismo como os colonialistas genocidas. Não lhe pesam muitos mortos nas costas e na consciência. Mas é igual aos outros. Espero que até 2027 não o deixem igualar Pinochet também no número de mortos. Começou de carne e osso já é um deus intangível. Pediu os votos para corrigir o que está mal e melhorar o que está bem. Está falar, está estragar!
João Lourenço Usurpou, usurpou até ser ele o MPLA e o povo angolano. Como trabalha por conta própria, o seu patrão é ele. E gaba-se: O meu patrão é o povo! Um ditador desajeitado, cínico, básico, medíocre. Como todos os outros, mata em nome das suas vítimas! Confisca a liberdade em nome do futuro.
Nesta altura do campeonato já não restam dúvidas. A direcção do MPLA vive ajoelhada aos pés do ditador João Lourenço. Os membros do Executivo não tomam decisões, não exercem. Rezam orações de louvor ao ditador. Os membros do Grupo Parlamentar do MPLA estão numa espécie de purgatório, com o coração nas mãos. A qualquer momento podem sofrer as penas do inferno. E só eles nos podem libertar do ditadorzito.
À falta de concorrência credível, o homem que para ditador Pinochet só lhe faltam as penas, fez do “combate à corrupção”, uma espécie de golpe palaciano. Estraçalhou o MPLA. Afastou quem tinha experiência e sabedoria. Promoveu a mediocridade e condecorou o oportunismo. Amordaçou o fervor patriótico. Por necessidade existencial, nos últimos 50 anos o melhor que formámos está na Sociedade Castrense. O ditador sem penas ostraciza e abandalha os militares. Já esqueceu 1974, quando foi integrado como “faplinha” no Esquadrão de Artilharia em Cabinda. Os ditadores não têm memória. Fazem tudo para destruir o passado e as memórias de um povo.
Hitler tinha o seu Heinrich Himmler. João Lourenço tem o chefe Miala. Hitler tinha o seu Joseph Goebbels. João Lourenço tem um pelotão de facínoras na propaganda, comandados por Mário Oliveira. Hitler tinha o seu Hermann Göring. João Lourenço usa Manuel Homem como uma marioneta. Hitler mandou incendiar o palácio do Reichstag, sede do Parlamento alemão em Berlim. Acusou os comunistas e a oposição. João Lourenço lançou a rebelião do final de Julho. Para acusar os russos e os que querem mudanças no MPLA e na governação.
Portal “Tribuna de Angola”. Anselmo Agostinho escreveu: “Ameaça Real. Detenção de Agentes de Desinformação e Subversão Russos”. Portal “Ocili News”. O mesmo autor escreveu: “Serviço de Investigação Criminal Desmantela Célula Operacional do Grupo Wagner”. E identifica os detidos como Lev Lakshtanov, comandante da rede em Luanda, e Igor Rachtin.
Anselmo Agostinho diz que foi “uma medida firme contra a ingerência estrangeira”. Mas também contra o envolvimento de “figuras políticas nacionais” revelando dois nomes que, certamente por acaso, manifestaram publicamente a intenção de protagonizar mudanças políticas no seio do MPLA. Este Anselmo Agostinho não é jornalista. Nunca foi. Não passa de um mialense a soldo. Falso jornalista. Goebbels em acção!
O gato estava escondido mas como deixou o rabo de fora foi fácil perceber quem desencadeou a rebelião no final de Julho e com que fim. Miala e Homem, os acólitos do Ditador da Canata, são mandantes e também executantes. Puseram a funcionar as trombetas da propaganda. Desencadearam acções de intimidação. Agiram como no incêndio do Reichstag. Pegaram fogo ao circo e agora apontam o dedo a políticos que fazem sombra ao senhor que para ditador só lhe faltam as penas. E recebeu um presente valioso. Quando for prestar vassalagem a Donald Trump na Casa dos Brancos, entrega-lhe os escalpes dos russos. Entra logo para a Internacional Fascista com cartão dourado.
O Ditador da Canata não respeita o voto popular. Mas foi eleito. Um bando de equivocados pedir a sua demissão, só o ajuda a prosseguir os seus desígnios. Atacar o senhor que para ditador só lhe faltam as penas através da sua filha ou do pai, só dá trunfos a João Lourenço.
O Procurador-Geral da República, Pita Grós, é uma peça importante na estratégia ditatorial de João Lourenço. Se o ditador fosse um pavão, ele era uma das penas do rabo. O presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, é a crista. Suja-se menos. Os dois destruíram a credibilidade do Poder Judicial. Puseram os Tribunais nas ruas da amargura. Nem os ditadores mais violentos assinavam um Decreto Presidencial para comprar magistrados em nome do combate à corrupção.
A agência dos Direitos Humanos da ONU considerou a prisão do empresário Carlos São Vicente injusta e o seu julgamento ilegal. Exigiu a sua libertação. As autoridades angolanas ignoraram. Em devido tempo avisei que isso ia ter consequências. Aí estão. No dia seguinte à rebelião do final de Julho, a ONU e outras organizações internacionais, imediatamente exigiram explicações sobre as mortes nas ruas de Luanda e outras cidades angolanas. No mundo onde há alguma decência, ninguém ignora que João Lourenço para ditador só lhe faltam as penas. Quem odeia a liberdade, poder ser tudo mas democrata não é.
Hélder Pita Grós tem o hábito de julgar na praça pública. Tudo mal. Os julgamentos fazem-se nos Tribunais. E ele tem como função acusar. Quando julga, está a usurpar, como acontece nas ditaduras. Sobre as instituições que exigiram explicações pelas mortes durante a rebelião, mais uma vez, desvalorizou. Há sempre um Tribunal de Nuremberga à espera dos ditadores e seus acólitos. Ma até lá fazem mesmo muito mal ao Povo Angolano
*Jornalista